08/11/2024
Pesquisa foi realizada pelo Centro de Apoio à Fauna Silvestre
A equipe do Centro de Apoio à Fauna Silvestre (Cafs), do Departamento de Pesquisa e Conservação da Fauna da Secretaria Municipal do Meio Ambiente de Curitiba, salvou a vida de um tucano. Ele foi entregue ao Cafs com o bico inferior quebrado e a solução encontrada pela equipe para salvá-lo envolveu a tecnologia, pesquisa e sensibilidade.
Para o tucano voltar a vida normal, os profissionais fizeram uma prótese em impressora 3D e a cirurgia, que aconteceu na segunda-feira (4/11), foi um sucesso. O tucano se adaptou bem e já está se alimentando normalmente com o novo bico, agora completo novamente.
Segundo a chefe do Serviço de Monitoramento de Animais Selvagens, a médica veterinária Oneida Lacerda, a ave foi entregue ao Cafs por uma moradora do bairro Augusta, que a encontrou machucada perto do Parque Passaúna. O tucano chegou ao Cafs no dia 22 de outubro.
“Não dá para saber o que aconteceu com ele, como se machucou e como quebrou a parte inferior do bico. Apesar do ferimento, ele estava relativamente bem, pesando cerca de 300 gramas e conseguindo se alimentar. Pela aparência do ferimento, ele já estava há algum tempo assim”, explicou Oneida.
Solução inovadora
Durante a busca por alternativas em outras instituições para determinar o melhor tratamento, a recomendação recebida foi a de eutanásia para o tucano.
“Nós não aceitamos e resolvemos analisar mais profundamente as possibilidades no Cafs. Nosso estagiário de biologia Mário Retondo disse que tinha uma impressora 3D e que podia tentar fazer uma prótese para o bico quebrado”, explicou Oneida.
A equipe foi até o Museu de História Natural Capão da Imbuia, no mesmo complexo onde fica o Cafs, e pegou as medidas do bico de um tucano empalhado que faz parte do acervo do local. “Nosso outro estudante de medicina veterinária pesquisou como a reconstituição de bicos pode ser feita e viu que dava certo”, explicou Oneida.
Foram feitos sete modelos de prótese para ver qual melhor se adaptava ao tucano resgatado. A cirurgia demorou cerca de uma hora, foram feitos furos no bico e na prótese, depois as duas partes foram presas. A prótese também foi fixada com resina odontológica para ficar bem firme.
“O tucano está superbem e se alimentando. Logo após a cirurgia, enchemos um pote com alimentos e ele foi direto na comida”, contou Oneida.
“Cerca de 25 minutos depois da cirurgia, o tucano já pegou o alimento e se adaptou ao novo bico. Antes, com o bico quebrado, ele perdia cerca de 50% do alimento ofertado. O nosso objetivo com a cirurgia era melhorar a qualidade de vida do animal e conseguimos isso”, contou o biólogo residente do Cafs Samuel Kluck, que também é estudante de veterinária.
A prótese foi feita com plástico PLA (ácido polilático), que é um termoplástico biodegradável, de origem natural e renovável. “Foi uma solução bem barata e o material é mais leve e resistente, bem próximo do que seria o bico natural”, disse Retondo.
Segundo o diretor de Pesquisa e Conservação da Fauna, Edson Evaristo, apesar do sucesso da intervenção, o tucano não será solto na natureza e vai ser levado para o Zoológico de Curitiba.
“Pela natureza da lesão e pela complexidade da solução encontrada pela nossa equipe técnica, é uma ave que não terá mais condições de viver sozinha na natureza. Por este motivo, decidimos acolhê-la junto ao grupo de animais do Zoo de Curitiba, que tem cada vez mais conseguido demonstrar o seu papel como instituição de apoio à fauna selvagem vitimada”, explicou Evaristo.
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