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Resumo da Semana – Mercados em expectativa

1º/10/2021


Por Cristian Rafael Pelliza (*)



A semana nos mercados brasileiros foi marcada ainda pelas repercussões dos eventos econômicos da semana passada, seja no mercado internacional, com a reunião do comitê de política monetária americana (FOMC) e a crise com a possível falência da incorporadora chinesa China Evergrande, seja no mercado interno, com a reunião do nosso comitê de política monetária (Copom) e a fixação da Selic em 6,25% ao ano.


Iniciando pelo Brasil, na sexta-feira passada tivemos a divulgação da prévia do IPCA, nosso índice de inflação oficial, atingindo o patamar de 1,14%, acima do esperado pelo mercado, e gerando um acumulado de 12 meses superior à 10%. O resultado forte para a inflação trouxe mais dúvidas sobre a condução futura da nossa política monetária, com a possibilidade de apertos maiores do que o da última reunião do Copom. Na ata da última reunião evidenciou-se a possibilidade de uma alta superior à 1,25% na Selic, mas a opção acabou sendo por 1% admitindo-se uma trajetória ainda expansionista para as próximas reuniões. O mercado hoje não vê a Selic abaixo de 8,25% ao ano até o fim de 2021. A trajetória acelerada da inflação nos últimos meses, vale destacar, deve-se muito a eventos independentes das decisões do Banco Central, em particular à crise hídrica e ao aumento nos preços dos combustíveis.


Além das questões monetárias, tivemos os dados do desemprego, com uma melhora significativa, vindo a 13,7% contra 14,1% da medição anterior. No Brasil, foram registradas aberturas de 372 mil vagas de emprego em agosto. Em linha com o bom resultado em termos de emprego, o Brasil registrou um superávit orçamentário expressivo em agosto, bem acima do esperado pelo mercado. Os resultados da economia real acentuam a dicotomia entre recuperação econômica por um lado, em particular em setores como varejo e serviços, fortemente afetados pela pandemia, e ruídos vindos do nosso lado monetário e fiscal, além dos impasses internacionais.


Nos Estados Unidos a questão monetária segue no radar. Após a reunião do FOMC sinalizando o início da retirada dos estímulos (tapering) ainda nesse ano e iniciando uma discussão sobre uma possível alta nos juros entre 2022 e 2023. No entanto, a retirada dos estímulos fica muito condicionada à situação do emprego no país, que foi afetada pela variante delta do covid-19 nos últimos meses. Os pedidos iniciais de seguro-desemprego na semana vieram um pouco acima do previsto pelo mercado, atingindo a faixa de 362 mil requerimentos. Na semana que vem os dados de aberturas de novas vagas nos Estados Unidos deve servir de termômetro para a discussão do tapering. Assim como nos Estados Unidos, na Zona do Euro os mercados apresentaram oscilações decorrentes de um aumento da incerteza em relação ao desempenho da economia real no ano, às questões monetárias e à crise chinesa.


Sobre a crise na China, durante a semana houve uma sinalização de que o governo chinês deve amortecer em grande parte os impactos da falência da gigante imobiliária China Evergrande. No entanto, novos problemas surgiram no mercado, em particular uma crise energética, motivada pelo encarecimento do carvão e do petróleo, insumos essenciais. Assim a indústria chinesa registrou uma oscilação negativa inesperada em setembro.


Para a semana que vem, segue no radar nosso problema inflacionário, com a publicação de nossa inflação oficial em setembro, mensurada pelo IPCA. Além disso, teremos novos dados sobre a atividade industrial e do varejo. Nos Estados Unidos às atenções estarão voltadas para os dados de emprego, sendo o relatório payroll, que descreve a abertura de novas vagas em setembro o mais importante. Além disso será publicada a taxa de desemprego no país. Na Zona do Euro teremos o índice de preços ao produtor e as vendas no varejo. Na China inicia-se o feriado de uma semana (semana dourada) que comemora a fundação da República Popular da China em 1949, e deve trazer certa calma nos mercados.

(*) Cristian Rafael Pelizza é mestre e doutor em Economia Aplicada pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), graduado em Economia pela Unochapecó e atualmente é economista e Head das áreas de Renda Fixa e Fundos de Investimento na Nippur Finance. Ele é professor de economia, com ênfase em Econometria, Microeconomia e Mercado Financeiro na Unochapecó.


Saiba mais acesse: [https://www.nippur.com.br/].

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