15/02/2023
Os PMs teriam mantido o companheiro da mulher sob agressões e torturas por cerca de 40 minutos

Os dois policiais militares investigados e denunciados por por tortura e abuso de autoridade filmaram ações no litoral do Paraná. Um dos vídeos mostra um rapaz, durante uma abordagem, sendo obrigado a comer maconha. A investigação sobre as atuações dos irmãos gêmeos, que também são policiais, veio à tona em agosto de 2022. A primeira denúncia, contra os dois policiais relata fatos ocorridos em 14 de maio de 2021 em Pontal do Paraná.
Naquela ocasião, os denunciados teriam ingressado em uma casa por suspeita de que lá morava uma mulher vinculada ao tráfico de drogas. Os PMs teriam mantido o companheiro da mulher sob agressões e torturas por cerca de 40 minutos, desejando obter informações sobre o tráfico de drogas. Um dos réus gravou parte do episódio.
Na gravação que a reportagem teve acesso, estão os dois policiais Rodrigo e Ricardo Marchesi. Eles obrigam o rapaz abordado a comer maconha e chegam a dizer que se ele vomitasse, teria que comer tudo de novo.
“Ô seu porco, come essa porra toda aí”, diz um dos PMs. O rapaz responde: “Ô senhor, eu tô comendo aqui, senhor”.
Os policiais foram presos em flagrante na Operação Fish, em agosto do ano passado. As imagens estavam no celular de algum dos policiais.
Os dois policiais continuam presos no Complexo Medico Penal, em Pinhais, Região Metropolitana de Curitiba (RMC). Eles respondem por vários crimes como tortura, que eles mesmos filmavam, e também invasão de domicílio, tráfico de drogas e posse irregular de arma.
A denúncia do Ministério Público do Paraná (MP-PR) traz o relato da esposa do rapaz, que contou que o companheiro, além de ser obrigado a comer maconha, foi agredido. A mulher também disse que os policiais ameaçaram voltar.
Os promotores justificam que não havia justificativa para que os policiais entrassem na casa, pois nem havia mandado de busca e apreensão. A denúncia, que inclui uma outra invasão de residência e tortura, foi aceita pela Justiça Militar e agora os policiais aguardam julgamento.
A Polícia Militar do Paraná, por meio da Corregedoria Geral (Coger), informou que está acompanhando e colaborando com as investigações do Gaeco.
Segundo a PM, os policiais envolvidos estão afastados das funções e a corporação ressalta que não compactua com o desvio de conduta de nenhum de seus integrantes e atua sempre para reestabelecer a verdade dos fatos.
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