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O 13 de maio

13/05/2021


Artigo de Claudio Henrique Castro



Entre 1500 e 1867 os navios negreiros embarcaram na África cerca de 12,5 milhões de cativos, desse total 10,5 chegaram vivos à América, estima-se que 1,8 milhão morreram na travessia.

Ao Brasil vieram 5,8 milhão de escravos.

A abolição da escravatura ainda não é plena.

Um estudo no qual foram analisadas 174 novelas produzidas entre 1964 e 1997 pela Globo e Tupi revelou que os negros e mulatos sempre foram retratados de forma submissa e preconceituosa, isso reforçou o imaginário racista brasileiro e estereotipou o negro brasileiro.

O livro se transformou em filme: A negação do Brasil: o negro na telenovela brasileira do estudioso Joel Zito Araújo.

O estereótipo novelesco reforçou e estabeleceu padrões tidos como naturais, normais e aceitáveis. Nesse sentido banalizou-se a violência contra as mulheres negras, os assassinatos nas periferias.

A exclusão social em larga escala somada ao racismo estrutural gera violência e criminalidade e o resultado é que em 2019 dos quase oitocentos mil encarcerados no Brasil, cerca de 66,7% são negros.

Os negros lideram as vítimas de homicídios, em 2019, foram 74,4%.

A intervenção policial faz 4,2 vítimas a cada 100 mil habitantes negros.

O crime de injúria racial possui elementos referentes a raça, cor, etnia, religião e tem crescido no Brasil, de 2018 a 2019, subiu cerca de 23,4%.

Um negro é assassinado no Brasil a cada 23 minutos.

As mulheres negras têm 2,2 vezes mais chances de serem mortas do que as brancas, a violência contra as mulheres só aumenta no Brasil.

A população negra ganha menos e é a que mais sofre com o desemprego e a que mais é vítima da pandemia.

Pertencer a uma religião afro-brasileira ainda é um desafio, cerca de 59% dos crimes de intolerância são praticados contra candomblecistas e umbandistas.

O 13 de maio é todo o dia, acabar com o racismo estrutural no Brasil e sua negação hipócrita ainda não é uma política de estado.

Quatro séculos de escravidão não se resolvem no passe de mágica, mas somente com políticas sociais inclusivas e, essencialmente, com educação em larga escala, pública e de alta qualidade.


Claudio Henrique de Castro é Doutor em Direito (UFSC), Advogado e Professor Universitário

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