Nova exposição no Muma desarma sentidos e faz público tocar nas obras de arte

admjornale
há 9 horas
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09/06/2025

Uma exposição onde você pode e deve tocar nas obras. Assim é .Entrecoisa, nova mostra em cartaz no Museu Municipal de Arte (MuMA), no Portão Cultural. Criada pela artista Patricia Grabowski, com curadoria de Andressa Medeiros e Laura Kaiser, que é cega, a exposição é uma verdadeira experiência sensorial guiada pelo toque, olfato e som.

.Entrecoisa fica em cartaz até 30 de julho e pode ser visitada de terça a domingo, das 10h às 19h. A exposição oferece ainda visitas guiadas com foco na acessibilidade estética e é resultado do edital da Lei Paulo Gustavo.

No lugar das tradicionais fichas técnicas, o público encontra perguntas abertas ao lado das obras, provocando reflexões pessoais e memórias. “Aqui, a arte não é só pra olhar, é para mexer, cheirar, escutar e lembrar”, define Patricia e sua equipe.

Os objetos expostos durante o percurso de .entrecoisa não são apenas visuais, eles são audiovisuais, táteis e olfativos. Tem vestidos que flutuam com sons fantasmagóricos, tecidos perfumados, gavetas que guardam pequenos objetos com histórias e afetos.

Patricia se refere à exposição como um processo arqueológico, no qual o corpo é o mediador entre presente e passado. “Guardo objetos como imagens, roupas do meu filho pequeno, utensílios das minhas avós, fotos antigas. São coisas que guardam o que as palavras não dão conta”, diz.

Sensações

A ideia de envolver outros sentidos surgiu da necessidade de dar conta de sensações que não cabem em palavras, como o cheiro de velório, o toque de um casaco de veludo, o som da chuva. “Com a curadoria da Laura, fui aprendendo a traduzir essas imagens em experiências sensoriais que não dependem da visão”, destaca.

Laura Kaiser, que é cega, integrou o projeto desde a fase inicial. “No convite que a Patricia me fez, deixou claro sua vontade de tornar as obras esteticamente acessíveis e a partir disso começamos um debate longo sobre como poderíamos explorar os demais sentidos dentro dessas obras”, disse a curadora.

Andressa reforça a ideia, na curadoria, de questionar o que é inclusão. “Não se trata apenas de incluir pessoas com deficiência, mas de fazer uma exposição que acolha todos os corpos, com perspectivas próximas, sejam videntes ou não”, explica a curadora.

Mediação

Além da curadoria coletiva, a mediação da exposição também é assinada por pessoas com deficiência visual: Luiz Gustavo Moreira, escritor e cego, e Juliana de Luccas, atriz com baixa visão. As mediações podem ser agendadas pelo site www.arirambacultural.com.br, inclusive nos fins de semana.