Estudantes curitibanas criam isolante térmico com material descartável
- admjornale
- há 31 minutos
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30/10/2025

O inverno terminou em setembro, mas continua muito vivo no cotidiano dos curitibanos. Já estamos em plena primavera, mas ainda não dá para sair sem “japona” porque o clima frio persiste na cidade.
Foi nesse cenário cinzento e da importância em ter uma casa com ambiente de temperatura agradável, que nasceu o projeto de duas alunas do segundo ano do ensino médio do Sesi Internacional Boqueirão, de criar um isolante térmico reaproveitando materiais descartados pela indústria.
Maísa Mendes Calaça e Júlia Anita Sutil da Silva, ambas de 16 anos, conceberam um isolante térmico para a construção civil utilizando tecidos descartados e isopor, materiais gerados pelas indústrias petrolífera e têxtil, dois setores que estão entre os que mais causam impacto no meio ambiente.
Barato e sustentável
Maísa contou que a ideia do projeto surgiu com o objetivo de criar uma opção mais barata de isolante térmico, que é um componente importante na construção civil, mas que tem um custo elevado.
Para materializar a ideia, as estudantes contavam com matéria-prima abundante. No polo das malhas da Rua Dr. Bley Zornig, elas captaram a doação de uma boa quantidade de retalhos de tecidos que são normalmente descartados. O isopor veio das embalagens de equipamentos.
“Surgiu a ideia de reutilizar o isopor, que é derivado da indústria petrolífera, e o tecido, que vem do setor têxtil, que são as duas mais poluentes do planeta. Basicamente, a nossa metodologia foi a de derreter o isopor com um solvente atóxico chamado limoneno, que é feito a partir da casca de frutas cítricas, e juntar essa mistura do isopor derretido com tecidos específicos, como o poliéster, lã ou acetato, que são tecidos que já têm propriedades térmicas”, contou Maísa.
Ideia premiada
A ideia tem sido muito bem recebida, tanto que o projeto do isolante térmico já recebeu várias premiações, a mais recente delas na 14ª Feira de Inovação das Ciências e Engenharias - FIciências 2025, de Foz Iguaçu, conquistando primeiro lugar na categoria Desenvolvimento Sustentável e terceiro lugar na modalidade de Ciências Exatas e da Terra.
Júlia, que é estagiária da Administração Regional Boqueirão, disse que o foco da dupla agora é evoluir a ideia.
“A gente pretende evoluir o nosso trabalho. Atualmente é só uma placa de isolamento térmico, mas a gente já tem um protótipo com um material que é também isolante acústico. Nós pretendemos fazer testes para ver se este material também tem essa capacidade de isolamento térmico e acústico”, explicou Júlia.
Mercado de Curitiba
Se o projeto prosperar encontrará na capital paranaense mercado fértil. Além do frio persistente em boa parte dos dias, a maior parte das construções não são preparadas para aguentar variações de temperatura.
O maior problema de investir em vidros mais grossos e paredes duplas está no custo proibitivo da construção. É justamente aí que um isolante térmico com custo viável pode se encaixar.
Encontrando soluções
De acordo com a professora de Iniciação Científica do Sesi Boqueirão, Maria Laura Rudinik, que foi orientadora do projeto, a disciplina instiga os alunos para que encontrem soluções para indústria com propostas que envolvam a sustentabilidade, que além de reduzir drasticamente o impacto ambiental, tem um custo muito menor.
“As meninas encontraram estes problemas do descarte incorreto do resíduo têxtil e do isopor e partiram para criar um projeto que conseguisse reutilizar esses resíduos para fazer uma coisa sustentável”, disse a professora.
Curso e mentoria
Além das premiações em feiras, as estudantes também foram presenteadas com um curso e mentoria para desenvolver o projeto.
“Como isso, a gente também ganhou um curso lá em Foz do Iguaçu, que vai acontecer ano que vem. Então eles vão pagar nosso hotel para a gente voltar e para fazer uma mentoria com as meninas para melhorar cada vez mais o nosso projeto e tornar ele viável”, comemorou a professora.
Foto: Hully Paiva/SECOM








