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Corujas e caranguejos renovam fauna de Matinhos

13/12/2023


Caranguejos maria-farinha e corujas-buraqueiras foram avistados nos últimos meses



As obras de revitalização da Orla de Matinhos, realizadas pelo Governo do Estado por intermédio do Instituto Água e Terra (IAT) desde o ano passado, estão trazendo grandes benefícios para o ecossistema do litoral paranaense. A ampliação da faixa de areia e da área de restinga, com o plantio de espécies nativas, atraíram diferentes animais típicos das regiões costeiras do País, como corujas-buraqueiras (Athene cunicularia) e caranguejos maria-farinha (Ocypode quadrata), entre outros.

A presença dessas espécies neste momento, restando ainda em torno de 10% para a conclusão do projeto, é bastante significativa. Anteriormente, em razão da erosão, da vegetação formada por plantas invasoras e das fortes ressacas, houve uma importante diminuição da população da fauna no local.

“A biodiversidade é essencial para a manutenção da qualidade ambiental mesmo em áreas urbanas. Como esses animais estão voltando a frequentar a orla, é importante que o desenvolvimento do Litoral esteja sempre alinhado com a preservação dessas espécies e de outras que podem potencialmente ocupar aquele espaço”, explica a bióloga do Escritório Regional do IAT no Litoral, Mayara dos Santos Rodrigues.

As duas espécies, destaca ela, possuem hábitos noturnos, mas costumam aparecer à luz do dia para procurar alimento na areia ou na vegetação costeira. As maria-farinhas são crustáceos amarelos que se alimentam de tatuíras, mariscos, insetos e outros animais mortos trazidos pela maré. Já as corujas-buraqueiras são conhecidas por cavar buracos no meio da vegetação das dunas para construir ninhos. Elas possuem um papel ecológico importante para a praia, ao ajudar no controle biológico da população de insetos do local.

As equipes do Consórcio DTA/ACQUAPLAN, responsáveis pelos programas de monitoramento ambiental das obras, observaram maria-farinhas jovens no período da transição do outono para a primavera. As corujas, por sua vez, foram avistadas pela primeira na orla em julho deste ano. No mês passado, por exemplo, um casal foi registrado cuidando de um filhote em um dos canteiros de recuperação da praia.

Como explica Maristela Bueno, bióloga do consórcio encarregada pelo acompanhamento da espécie, a presença dos animais é um sinal positivo para a saúde do ecossistema da orla. “Do ponto de vista ecológico, esta espécie de caranguejo desempenha um papel crucial ao conectar os ambientes marinho e terrestre, facilitando a transferência de energia entre os ecossistemas, o que indica a recuperação ambiental da praia. E a continuidade desse monitoramento nos permitirá determinar se essas populações estão se estabelecendo de forma consistente”, diz ela.

Ainda de acordo com Maristela, a aparição destas aves está ligada diretamente ao plantio da restinga nativa nas intervenções da orla. Por meio de um investimento de R$ 268 mil, os balneários estão recebendo mudas de plantas rasteiras próprias para o crescimento nas dunas, como Blutaparon, Canavalia, Hydrocotyle e Ipomea em uma área de 5,03 hectares (50.308 metros quadrados), uma ampliação de 100% em relação aos 2,5 hectares da praia ocupados pela vegetação antes do início das obras.

“A plantação da vegetação traz muitos benefícios. Além de ajudar a conter a erosão, as plantas fazem uma barreira de proteção que ajuda a conter o avanço do mar no caso de ressacas e ventanias, contribuindo para o estabelecimento da fauna costeira na praia”, afirma.

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