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Agronegócio e indústria são responsáveis por 90% do uso água

23/10/2020


Ambientalista propõe responsabilidade desses setores no combate ao desperdício



Desde maio, o Paraná está em situação de Emergência Hídrica, com duração prevista até novembro de 2020. Uma das medidas adotadas pela Companhia de Saneamento do Estado que mais causaram impacto na vida de moradores de Curitiba e Região Metropolitana foi um esquema de rodízio no fornecimento de água. O índice de desperdício de água na Região Sul do Brasil é de 37,14% do volume total. Porém, a distribuição domiciliar não está nem perto de ser considerada uma grande vilã quando o assunto é desperdício.


O CEO do Portal Postura Sustentável e ex-diretor do Meio Ambiente da Sanepar, Glauco Requião, explica que pouco adianta reduzir o uso doméstico, se não forem tomadas medidas em outros setores. “O uso doméstico é responsável por apenas 8% de toda a utilização dos recursos hídricos. Não adianta conscientizar a população a economizar água em casa, se não houver medidas também na indústria e, principalmente, na agropecuária”, afirma.


O uso doméstico está apenas na terceira colocação entre os principais responsáveis pelo consumo elevado de água no mundo, segundo a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO). Em primeiro lugar está a atividade agropecuária. No Brasil, considerado um país com forte produção nesse setor da economia, 72% de todo o recurso hídrico é utilizada na irrigação das lavouras, número maior do que a média internacional, de 70%. Em segundo lugar aparece atividade industrial, que consome 22% da água do planeta.


Desafio do Agronegócio é o desperdício


O agronegócio é responsável por 30% do PIB brasileiro e a água é a base para esse sistema econômico funcionar. Porém, o maior desafio da agricultura na atualidade é aumentar a produção de alimentos sem aumentar os impactos negativos ao meio ambiente. Também existe outra preocupação que caminha com o alto consumo de água: quase 50% do volume utilizado na irrigação das plantações são perdidos. Irrigações mal executadas e falta de controle na quantidade usada nas lavouras estão entre os principais motivos.


Um planejamento bem elaborado, com informações precisas sobre o clima e o solo da região pode definir a quantidade e o momento exato para irrigar. “Este é o primeiro passo para uma melhor gestão desse recurso, especialmente em tempo de escassez. Uma alternativa tecnológica que pode auxiliar é o sensor de solo. Há estudos da Emater que apontam que esse equipamento pode reduzir em até 20% o consumo de água. Outra medida simples e econômica é o armazenamento de água de chuva”, exemplifica Glauco Requião.


Na Indústria, a gestão do uso hídrico pode reduzir o consumo


Na indústria, a água de reuso também pode ser eficiente como método de economia em produções onde é empregada no resfriamento de equipamentos e até na lavagem de pisos, por exemplo. De acordo com a Confederação Nacional da Indústria (CNI), no Brasil, a cada segundo, são retirados dos rios 2,3 milhões de litros para uso industrial. A maior parte é destinada à fabricação de bebidas, alimentos e cosméticos. “Por esse motivo, é importante fiscalizar as fábricas para que elas também participem do processo de conservação de recursos hídricos”, pondera o ambientalista.


De uma forma geral, uma grande fatia do problema está em vazamentos. Nesses casos, a melhor alternativa nem sempre sai barata, mas a compensação é percebida na produtividade e na economia ao final. “É preciso botar a mão no bolso e investir na substituição de tubulações antigas e de maquinário defeituoso. O mercado oferece uma série de aparelhos e tecnologias que reduzem perdas, como a instalação de torneiras com arejadores, que chegam a reduzir o consumo em 75%. Temos todos que mudar nossa atitude a respeito da água. É preciso conscientizar que é a água é um recurso finito, que está se esgotando e, portanto, é dever de cada setor procurar medidas para poupar”, finaliza Glauco Requião.


SOBRE GLAUCO REQUIÃO

Advogado, cientista político e consultor, foi assessor jurídico em diversas esferas, professor e chefe de gabinete da Assembleia Legislativa do Paraná. Atuou como superintendente da Secretaria Municipal de Assuntos Metropolitanos de Curitiba, diretor de Meio Ambiente e Ação Social na SANEPAR e CEO da CS BioEnergia S.A. Atualmente é consultor em sustentabilidade e CEO da Plataforma Postura Sustentável.

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