Dados são de pesquisa em andamento na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e no Hospital de Clínicas de Porto Alegre
12/06/2024

As enchentes que assolaram o Rio Grande do Sul durante o mês de maio trouxeram bem mais problemas que a perda de bens e vidas de entes queridos. Uma pesquisa que está sendo conduzida em parceria entre a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e o Hospital de Clínicas de Porto Alegre mostra que transtorno do estresse pós-traumático, ansiedade, depressão e esgotamento profissional (burnout) passaram a ser problemas comuns entre os gaúchos.
Dados preliminares da pesquisa apontam que nove em cada dez habitantes do Estado são afetados por doenças que alteram seu equilíbrio psicológico. Para chegar a este resultado, o estudo analisou, até o momento, mil de 2,5 mil respostas a questionários aplicados ao longo de três semanas no Rio Grande do Sul.
Entre os dados já coletados, se destacam a ansiedade, com 91% dos entrevistados respondendo que têm sintomas; burnout, 60%; e depressão, 50%. Segundo a psiquiatra Simone Hauck, coordenadora da pesquisa, os relatos mais assustadores são aqueles de pessoas que nem foram tão afetadas pelas enchentes.
"Voluntários que participaram dos resgates chegaram a relatar o medo de ouvir a água fluir das torneiras, para eles parecia a enchente chegando de volta", afirmou a psiquiatra.
A pesquisadora pondera que parte do público tem esses sintomas de forma passageira, ou seja, eles devem diminuir conforme o tempo da tragédia se distancia, com a resolução de problemas de moradia ou outros transtornos ligados à enchente. As pessoas que seguirem com os sinais devem procurar ajuda especializada para evitar o agravamento do quadro.
Especialistas também alertam que níveis elevados de ansiedade e de depressão podem levar a pensamentos suicidas. Ainda mais preocupante é um dado que coloca o RS no topo de um ranking nada desejado: é o Estado brasileiro com a mais alta taxa de suicídios, quase o dobro da média nacional.
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