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Sem lucros e sem ser caridade: o trabalho de quem atua no emergente 5º Setor da economia em Curitiba

  • admjornale
  • há 1 dia
  • 4 min de leitura

06/05/2025



Nas últimas décadas, o que era considerado voluntariado, uma contribuição pessoal de tempo e conhecimentos para auxiliar outras pessoas, avançou para um formato de trabalho sistematizado, em organizações não governamentais, institutos, associações e outra entidades em que o lucro não é o objetivo principal, mas a atividade é essencial para fazer girar as engrenagens do desenvolvimento socioeconômico nas cidades.


Esse formato de CNPJ avançou tanto que já se fala, globalmente, em um 5º Setor da economia, que tem inúmeros exemplos em Curitiba.


A ideia de um 5º setor é um conceito que os economistas ainda estão debatendo e já existem algumas concordâncias: são empresas que não visam o lucro, mas não quer dizer que seja caridade e os frutos de seu trabalho têm impacto na melhora da qualidade de vida dos cidadãos.


“A qualidade de vida passa pela possibilidade de cada cidadão ter um emprego digno, para buscar suas realizações e cuidar de sua família. Por isso, a Prefeitura tem estreitado o relacionamento com todas as instituições da cidade, ouvido todas as opiniões, trabalhando unidos em ações em favor de avanços na vida dos curitibanos. Além disso, essas instituições são feitas por trabalhadores que, mesmo sem visar o lucro diretamente, contribuem com a geração de empregos remunerados em Curitiba”, diz o vice-prefeito e secretário municipal de Desenvolvimento Econômico e Inovação, Paulo Martins.


Por dias melhores


Curitiba tem diversos exemplos de CNPJs que se enquadram nesse 5º Setor, entre eles um veterano do Setor Terciário (Comércio e Serviços), o empresário Antonio Gilberto Deggerone, 74 anos. Ele é o atual presidente da Associação Comercial do Paraná (ACP), cargo que assumiu 11 anos depois de ter ingressado na instituição “por baixo”, como ele mesmo define. Iniciou sua jornada como associado e é o atual presidente da instituição. Está à frente de cerca de 30 mil associados diretos e indiretos.


O trabalho é voluntário, com uma jornada média de 6 horas diárias – que se estende quando a agenda inclui viagens – e visa contribuir com o fortalecimento do comércio no Estado e em sua capital, com ações como a prestação de serviços, qualificações, criação de campanhas e encaminhamento de demandas do setor ao Poder Público.


“Nossa proposta, na ACP, é que o associado tenha dias melhores no que se refere a sua atividade. Iniciei no associativismo depois de ter comprado minha empresa de compra e venda de veículos seminovos, em 1998, porque meu interesse era que todos passassem a ver a compra e venda de carros usados de forma muito profissional, tirar aquela ideia de que é trabalho de ‘picareta’”, conta Deggerone.


Antes da ACP e com o mesmo objetivo – profissionalizar a categoria – havia ingressado e chegado à presidência da Associação Revendedores de Veículos Automotores no Estado Paraná (Assovepar). De lá, levou outros 40 associados a também se filiarem à Associação Comercial do Paraná, onde criaram a Câmara Técnica de Veículos e conseguiram conquistas para o segmento, como a aprovação da lei estadual que tornou a alteração da quilometragem de um carro um crime de estelionato.


Carreira em vendas


A sua empresa hoje é tocada a maior parte do tempo por seus filhos. A ideia de comprar a loja de seminovos veio quando decidiu que era hora de parar de viajar tanto a serviço. Antes, havia feito carreira no setor de vendas como gerente de unidades comerciais da Sharp em vários estados brasileiros.


“No Recife (PE), tinha 650 pessoas ligadas a mim, uma unidade comercial que cuidava de boa parte do Nordeste”, rememora. A marca japonesa foi famosa no Brasil pelos seus televisores nos anos 1980 e 1990 e faliu em 2022. A Sharp voltou a atuar no país anos depois, mas com vendas diretas a outras empresas.


Na ACP, sua jornada diária começa pela entrada no suntuoso edifício Barão do Cerro Azul (batizado com o nome do primeiro presidente da Associação): na esquina do Calçadão da XV com a Rua Presidente Faria, vizinha ao prédio histórico da Universidade Federal do Paraná (UFPR), no Centro. Antes de atravessar a porta de vidro da entrada, diariamente é abordado por comerciantes do Calçadão e entorno, seja para cumprimentá-lo, seja para solicitar apoio em alguma situação.


Para chegar à sua sala, no 8º andar, dispensa o elevador e vai pelas escadas. Não que o septuagenário comerciante queira impressionar pelo fôlego e preparo físico de ex-ala amador no futebol. A subida tem paradas andar por andar para cumprimentar colaboradores e ficar a par do andamento de projetos.


Deggerone ressalta que não recebe salário na ACP, assim como nenhum membro da diretoria. “Somos todos voluntários. Sempre digo a quem chega: ‘Quero que dê o melhor de si, mas quem paga a tua conta é a tua empresa’.”


Mas, por que investir tempo na Associação? “Ganho em relacionamento, ganho em visibilidade para facilitar alguma coisa que venha a melhorar o nosso setor. Porque se eu melhorar o setor, eu ganho, meus filhos ganham, o grau de credibilidade aumenta”, resume Deggerone.


Além da presidência, a ACP conta com associados atuantes em favor do coletivo em diferentes níveis: são conselhos superior, deliberativo e fiscal, além de 45 câmaras setoriais, cada uma voltada a propor melhores formas de os comerciantes de cada segmento, identificando gargalos e potenciais.


Curitiba de Volta ao Centro


A Associação também atua em projetos para a cidade – afinal, ambientes seguros, de acesso facilitado e em que a população tem poder de compra contribuem para que os comerciantes prosperem. Em Curitiba, a ACP, conta Deggerone, atua há mais de 20 anos em ações que promovam o cuidado com a região central.


“Ficamos muito felizes quando vimos que o prefeito Eduardo Pimentel colocou em sua plataforma de gestão a revitalização do Centro. Nos disse que não seria apenas uma causa da ACP, mas de toda a cidade. Com a Prefeitura junto, dá para dizer que esse projeto vai andar. Já vemos que em relação à iluminação e à segurança melhorou muito. Os primeiros resultados são muito positivos”, avalia.


Foto: Valquir Kiu Aureliano/SECOM

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