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Resumo da Semana – Querelas políticas e pressão inflacionária

11/09/2021


Por Cristian Rafael Pelliza (*)



A economia brasileira na semana foi marcada pela escalada dos atritos políticos, em particular entre os poderes executivo e o judiciário. No feriado do dia 7 de setembro, o presidente Jair Bolsonaro participou de manifestações, que se espalharam pelo Brasil, e em que uma das principais pautas era a reclamação contra a atuação do STF, em especial dos ministros Alexandre Moraes e Luiz Roberto Barroso. Os discursos fortes do presidente geraram apreensão nos mercados, com temor de ruptura institucional, e geraram respostas firmes por parte do Supremo Tribunal. Ainda na quinta feira, Bolsonaro acenou uma reconciliação entre os poderes, contando com a articulação do ex-presidente Michel Temer. A pacificação, ainda que provisória trouxe, um certo alívio no cenário conturbado. Seguimos acompanhando os próximos capítulos desse embate.


Ainda no noticiário econômico nacional os dados da inflação em agosto superaram as expectativas do mercado, com alta de 0,87% no IPCA. Com isso, o acumulado nos últimos 12 meses excede os 9,5%, muito acima do nosso teto da meta, fixado em 5,25%. Como efeito, espera-se um ajuste para cima nas expectativas inflacionárias e pode-se esperar uma atuação ainda mais firme nas reuniões do Banco Central. A Selic deve continuar sua escalada até o fim do ano. Os principais vilões na última alta do IPCA foram a energia e os combustíveis, sendo que a crise hídrica deve penalizar o país, tanto em termo de alta de preços quanto redução no nosso PIB esperado para o ano.


No cenário internacional destaque para os pedidos iniciais de seguro-desemprego nos Estados Unidos, que atingiram a marca de 310 mil. O número é inferior ao esperado pelo mercado. Depois dos dados decepcionantes de abertura de vagas de emprego em agosto (payroll), publicados na semana passada, o baixo pedido de seguros-desemprego mantém aceso o debate sobre a retirada de estímulos monetários, e o próximo capítulo deve ser na reunião do comitê de política monetária americano nos dias 21 e 22 de setembro.


Na Zona do Euro destaque para a reunião do Banco Central Europeu, que manteve inalterada as taxas de juros, como já se esperava. O destaque vem de uma sinalização mais positiva sobre a retirada dos estímulos monetários, com uma redução parcial na injeção de liquidez na economia. Nesse caso, assim como nos Estados Unidos, pesou a pressão inflacionária na região. Na China os dados de inflação mostraram uma redução nos preços ao consumidor, mas ainda uma pressão significativa nos preços ao produtor, o que tem causado problemas na produção industrial, um dos carros chefes da economia chinesa.


Na semana que vem destaque para os dados de brasileiros sobre o crescimento do setor de serviços e para o IBC-Br, nossa estimativa de crescimento mensal do produto. Na Zona do Euro e nos Estados Unidos teremos os dados da inflação para o mês de agosto. Já a China publicará dados de produção industrial. A semana, portanto, é decisiva em termos de direcionamento para a semana seguinte, importante no Brasil e nos Estados Unidos pelas reuniões de seus respectivos comitês de política monetária.


(*) Cristian Rafael Pelizza é mestre e doutor em Economia Aplicada pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), graduado em Economia pela Unochapecó e atualmente é economista e Head das áreas de Renda Fixa e Fundos de Investimento na Nippur Finance. Ele é professor de economia, com ênfase em Econometria, Microeconomia e Mercado Financeiro na Unochapecó.


Saiba mais acesse: [https://www.nippur.com.br/].


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