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Resumo da Semana – China e Bancos Centrais

24/09/2021


Por Cristian Rafael Pelliza (*)



A semana nos mercados foi marcada pela apreensão com a economia chinesa e com as decisões de taxas de juros em diversos países, em particular nos Estados Unidos e no próprio Brasil. Iniciando com a China, segunda-feira os mercados mostraram uma forte agitação mundo a fora, com quedas nas bolsas asiáticas, europeias, americanas e na nossa bolsa. A agitação se iniciou com a possibilidade de falência de uma gigante imobiliária chinesa chamada China Evergrande. A empresa possui uma dívida astronômica de 300 bilhões de dólares e alguns vencimentos de juros ocorreram essa semana. O não pagamento configuraria um evento de crédito de grande magnitude e o medo seria de um colapso sistêmico, o que para alguns analistas poderia representar o “momento Lehman” para China, em alusão à quebra do banco Lehman Brothers durante a crise imobiliária americana em 2008.


A ideia que perturbou o mercado era a de que a Evergrande seria “grande demais para falir”, como eram os bancos de investimento americanos em 2008, e sua quebra poderia, num primeiro momento, paralisar o setor imobiliário e bancário da China e num segundo momento arrastar consigo toda economia chinesa e ter impactos globais. Assim, na segunda-feira o clima nos mercados era de apreensão, que ao longo dos dias seguintes foi sendo amenizada por alguns fatores. Primeiro, como alguns analistas apontaram, a estrutura da economia chinesa difere da americana em 2008, com um dos grandes credores da Evergrande sendo os próprios bancos estatais chineses. Assim, a possibilidade de quebra sistêmica ficaria amenizada. Segundo, o governo chinês e a própria companhia sinalizaram ajustes gradativos no perfil do endividamento, buscando uma transição mais suave. A partir de terça-feira os mercados passaram a acalmar, embora algum ruído possa persistir.


Na quarta-feira, houve decisão das taxas de juros pelo banco central americano. Não houve alteração nos juros, como era de se esperar, mas a atenção estava voltada para as declarações dos membros do comitê sobre a retirada de estímulos monetários. A variante delta do covid-19 causou penalizou em partes o crescimento do país e os dois últimos meses trouxeram uma inflação um pouco mais amena, o que tornou o debate menos acalorado. No entanto, alguns membros do comitê observam a possibilidade de alta de juros já em 2022 ante uma previsão inicial para 2023. Os mercados apostam que o anúncio de quando se iniciará o tapering, a retirada dos estímulos, deve ser feito em novembro.


No Brasil, tivemos também a decisão da taxa Selic, nossa taxa básica de juros. O banco central repetiu uma alta de 1%, sinalizando que deve haver uma alta de mesma magnitude no mês que vem. Essa elevação vem em linha com o que o mercado previa e com as declarações do presidente do banco, Campos Neto, ao longo da semana, de que nosso comitê de política monetária possui um plano de voo e não deve alterar ao sabor de eventos passageiros. Quanto a isso, seguem as preocupações com a alta inflacionária, afetada em particular pela crise hídrica. Ainda na sexta-feira sai a prévia da inflação de setembro, o IPCA-15, que dará um sinal de como o comportamento inflacionário pode ditar as nossas futuras altas nos juros.


Para semana que vem a atenção segue aos comentários dos membros do banco central americano e para ata da reunião do nosso comitê de política monetária. Os investidores devem focar a atenção na sinalização dos gestores monetários sobre movimentos nos juros ou na liquidez. Também fica em destaque a questão da inflação na Zona do Euro dada também uma certa desaceleração na região motivada pela variante delta da covid. O mercado chinês também seguirá no radar, com os mercados atentos à novas declarações sobre a Evergrande.


(*) Cristian Rafael Pelizza é mestre e doutor em Economia Aplicada pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), graduado em Economia pela Unochapecó e atualmente é economista e Head das áreas de Renda Fixa e Fundos de Investimento na Nippur Finance. Ele é professor de economia, com ênfase em Econometria, Microeconomia e Mercado Financeiro na Unochapecó.


Saiba mais acesse: [https://www.nippur.com.br/].


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