Fiep defende negociação técnica com os EUA para reverter taxação
- admjornale
- há 36 minutos
- 2 min de leitura
17/07/2025

A Federação das Indústrias do Paraná (Fiep) defende uma negociação técnica e focada em aspectos meramente comerciais para tentar reverter a taxação de 50% imposta pelos Estados Unidos a produtos brasileiros exportados para o país. Na visão do presidente do Sistema Fiep, Edson Vasconcelos, é preciso que o governo federal tenha cautela na forma de negociação, deixando de lado questões ideológicas. Ele defende, ainda, a proposta de se buscar uma prorrogação de 90 dias para o início da vigência da tarifa.
“O empresariado vê a necessidade de se trazer a questão técnica e os aspectos meramente comerciais para a mesa de negociação”, afirma Vasconcelos. “O governo procurou e está ouvindo o setor produtivo, que é unânime em pedir que haja parcimônia e cautela na forma de negociação e que a Lei da Reciprocidade não seja usada. Nós temos que tentar buscar outros mercados, mas o fato é que o mercado norte-americano é o grande comprador do mundo, por isso é necessário deixar de lado qualquer agenda ideológica”, completa.
O presidente do Sistema Fiep também mostra preocupação com os impactos que o início da taxação a partir de 1º de agosto já vem causando para exportadores que têm cargas em trânsito para os EUA. Por isso a indústria brasileira vem pedindo ao governo que negocie uma ampliação no prazo de vigência da tarifa por 90 dias.
“Muitas indústrias têm cargas que estão em trânsito para os EUA e contratos que já foram cancelados, porque o comprador norte-americano que vai receber a carga após o dia 1º não está aceitando pagar 50% de adicional no preço de entrada”, explicou. “Além disso, a maior parte das empresas que tem os EUA em seu portfólio tem todo o ciclo de insumos e estoque comprometido em cima dessa venda ao mercado norte-americano, um problema que vai se agravar”, acrescenta.
Segundo Vasconcelos, um dos setores mais afetados com a taxação no Paraná é a indústria da madeira, que destina boa parte de sua produção para o mercado da construção civil norte-americano. “Temos indústrias desse setor no estado que, hoje, trabalham quase 100% para o mercado norte-americano. Algumas já deram férias coletivas aos seus colaboradores e podem ter até que fechar as portas a partir do dia 1º”, afirma.
Impactos para o setor
Um levantamento da Fiep mostra que, em 2024, o setor de produtos de madeira paranaense foi responsável por US$ 615 milhões em exportações para os EUA, representando quase 40% das vendas do estado para o país, que totalizaram mais de US$ 1,58 bilhão no ano. Indústrias de madeiras perfiladas, molduras e outros insumos da construção civil são focadas quase exclusivamente em exportação aos EUA, chegando a ter uma taxa de 97% de sua produção destinada ao mercado norte-americano. Outros segmentos, como o de madeira compensada e serrada, dedicam entre 40% e 50% de suas produções para os EUA.
No Paraná, a indústria da madeira emprega mais de 38 mil trabalhadores. A Fiep alerta que dificuldades nas exportações devido à taxação dos EUA causarão uma redução significativa na demanda final das empresas, podendo ter impacto direto sobre os empregos no setor.
Foto: Divulgação