Curitiba é a segunda capital com maior proporção de pessoas com autismo e ensino superior completo
- admjornale
- há 2 dias
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29/05/2025

Curitiba ocupa o segundo lugar entre as capitais brasileiras com maior proporção de pessoas maiores de 25 anos com TEA (Transtorno do Espectro Autista) diagnosticado e ensino superior completo, de acordo com dados do censo de 2022 IBGE.
Dos 13.268 curitibanos com mais de 25 anos que declararam ter autismo, 4.444 completaram a graduação — o que representa cerca de 33,49%, ficando atrás apenas de Florianópolis, Santa Catarina. A média nacional é menor, de 15,69%.
Esse número chama atenção por refletir tanto avanços em diagnósticos quanto na inclusão educacional de pessoas no espectro autista. Nos últimos meses, a população com TEA passou a contar com equipamentos municipais para auxiliar no desenvolvimento saudável, como o Ambulatório Encantar, no Centro, especializado no atendimento de crianças e adolescentes com atraso no desenvolvimento e autismo, e o Núcleo Municipal de Políticas para o Autismo Nilton Salvador, que atua na articulação de políticas públicas voltadas ao atendimento de pessoas com TEA.
A pesquisa do IBGE também aponta que 33,45% (8.361 pessoas) da população diagnosticada com autismo em Curitiba ainda não havia completado 14 anos em 2022. Também registrou 14.429 curitibanos com TEA com idade entre 15 e 64 anos, e 2.209 acima de 65 anos.
Ensino superior
Entre os 33,49% dos curitibanos com mais de 25 anos e TEA graduados, Maria Izabel Corrêa Guiraud encontrou na educação um lugar de destaque. Maria cresceu com epilepsia refratária e recebeu um diagnóstico de autismo apenas em idade adulta. Mesmo vivendo com preconceito de colegas, prosperou na educação e se formou artista plástica, com pós-graduação em Educação Especial.
“Autismo não é limitante. Temos limitações sim, mas somos muito eficientes, cada um nas suas características. Eu sempre fui bem na escola e continuo estudando, agora com minha arte, e com esses estudos faço minhas criações ”, contou Maria Izabel.
Atualmente, ela trabalha criando obras de origami, arte de origem japonesa de dobradura de papel, também faz criações de Pepakura, que é um método de construção de objetos tridimensionais a partir de papel kraft, utilizando modelos e cola. Recentemente também começou a se especializar em cerâmica.
Vida adulta com TEA
O curitibano Pedro Afonso Buratti, de 24 anos, já está em sua segunda graduação, e ainda não é somado nos 33,49%, pela idade. Ele foi diagnosticado com autismo e paralisia cerebral ainda na primeira infância, o que o garantiu uma atenção especial durante os anos escolares, como a presença de um tutor na escola e terapias que o auxiliaram a superar alguns sintomas, como fonoaudiologia e fisioterapia.
“Eu tenho dificuldade em matemática e não escrevo em papel, mas aprendi muito cedo a digitar e sou bom e rápido. Além disso, sou fluente em inglês, toco piano e gosto muito de aprender”, contou Pedro.
O curitibano atualmente está em sua segunda graduação. Formado em técnico em secretariado ainda no ensino médio, Pedro se graduou como Educador Social em 2023, e desde o começo deste ano é aluno do curso de Serviço Social.
Além de estudar, Pedro Afonso trabalha em uma empresa de engenharia civil, vaga conquistada em uma Feira de Empregos e Captação de Talentos, promovida pela Secretaria Municipal de Desenvolvimento Humano (SMDH). A próxima feira está programada para sexta-feira (30/5), das 10h às 14h, na sede do Departamento dos Direitos da Pessoa com Deficiência (DPcD), na Rua Schiller, 159, no bairro Cristo Rei.
Foto: Hully Paiva/SECOM
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