4.ª Conferência de Promoção da Igualdade Racial reafirma compromisso com uma Araucária mais justa, inclusiva e igualitária
- admjornale
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27/05/2025

A Conferência Municipal de Promoção da Igualdade Racial do município de Araucária, realizada nos dias 23 e 24 de maio, foi mais um passo importante de construção coletiva de uma cidade mais justa, inclusiva e igualitária para todos. O evento é uma realização do Conselho Municipal de Promoção da Igualdade Racial (COMPIR), que conta com representantes da sociedade civil e do poder público.
O evento teve como tema “Araucária Negra, Vem pra Conferência por Democracia, Justiça Racial e Reparação Histórica”. A conferência também incluiu o processo de elaboração de propostas a partir dos grupos de trabalho (26 propostas aprovadas) e da eleição dos delegados que vão representar o município na etapa estadual, que vai ocorrer em Foz do Iguaçu entre os dias 15 e 17 de junho.
Na abertura, o prefeito de Araucária, Gustavo Botogoski, citou que “estar aqui é, antes de tudo, um momento de respeito e estudo” e que “não estou aqui para falar por alguém. Estou aqui para ouvir”. De acordo com o prefeito, o momento é um convite a pensar sobre o quanto precisamos avançar para uma cidade com dignidade, oportunidade e respeito.
Ao lado dele na cerimônia, o secretário municipal de Governo, Edison Roberto da Silva, classificou o momento como “marco histórico” e que a conferência é “espaço de construção coletiva e compromisso com a justiça social”. O secretário lembrou ainda que a promoção igualdade racial é “dever da sociedade como um todo” e que “não haverá democracia plena enquanto houver racismo estrutural”.
Já o presidente do COMPIR, Paulo Machado, destacou que “se tem pessoas aqui, é porque políticas públicas precisam ser pensadas” e que o principal objetivo do evento “é permitir que todas as pessoas alcancem as políticas públicas”. Também conselheira do COMPIR, a representante da sociedade civil pela Associação Terreiro Odé Kassú, Jaguaracy Santana dos Santos, considerou a conferência “um momento de plantar e colher”. A conselheira também citou a importância dos grupos de matriz africana: “Nós somos povo de acolhimento. Os terreiros são ponto de acolhimento”, destacou, lembrando que “o COMPIR precisa ser fortalecido para acolher esse povo”.
Mesa MagnaA temática da conferência foi abordada na Mesa Magna, que reuniu a pedagoga da rede municipal de ensino, Márcia Reis, vice-presidente do COMPIR, militante das questões raciais, entre outras atuações na área; e o procurador do Município de Araucária, o advogado Carlos André Amorim Lemos, presidente da Comissão de Análise de Compatibilidade com a Política Pública de Cotas e presidente da Comissão de Processo Administrativo Disciplinar.
A mediação ficou a cargo do professor de Educação Infantil Marcelo Henrique dos Santos. Com mestrado pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), onde foi estudante cotista, Marcelo é autor de trabalhos e pesquisas voltados para aumentar a presença negra e combater a invisibilidade na Educação Infantil, abordando questões de raça, gênero e interseccionalidade.
As questões de Democracia, Justiça Racial e Reparação Histórica foram abordadas de maneira prática a partir das vivências dos participantes na cidade. Com 30 anos de atuação em Araucária, a pedagoga Márcia Reis abordou o papel da educação na construção de uma sociedade mais justa e com mais respeito: “A Educação Básica tem que ser tão boa que dê suporte para combater o racismo”, ressaltou. Ela também chamou a atenção para um novo momento na composição do COMPIR: “Os nomes [indicados pelo executivo] vão à reunião. Até então, tinham cadeiras vazias porque não havia compromisso do governo”, revelou.
Já o procurador Carlos André Amorim Lemos falou da sua trajetória ao longo de quase 15 anos no município, onde foi o primeiro cotista. Na sua avaliação, o aumento no número de vagas foi um passo importante, mas ainda há muito a ser feito.
Construção coletivaO segundo dia da conferência teve como destaque a construção coletiva das propostas elaboradas a partir dos três grupos de trabalho propostos: Milton Santos (sobre Democracia), Carolina Maria de Jesus (sobre Justiça Racial) e Lélia Gonzalez (sobre Reparação Histórica). Além das propostas aprovadas, que serão encaminhadas à conferência estadual, o evento também contou com a eleição dos cinco representantes da sociedade civil (uma vaga para mulher, uma vaga para Comunidade de Terreiro, uma vaga para LGBTQIAPN+ e duas vagas para negros – pretos e pardos).
Ao longo da programação, os participantes tiveram a oportunidade de conferir atos culturais apresentados por Eva Coller e pelo grupo Faruk, que mostraram a força da ancestralidade africana.
Foto: Carlos Poly/SMCS
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