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1988 disseram que era “frágil” a sua estrutura física para os pesos-pesados


Campeão dos pesos-pesados utiliza religião e autoestima como instrumentos de motivação para liquidar rivais no ringue.

Esse é Holyfield!

E diz ter 'o' estilo para Tyson

A Religião e a autoconfiança sempre foi uma constante na carreira de Evander "The Real Deal" Holyfield.

Quando o lutador desafiou o veterano Dwight Muhammad Qawi, naquela que era apenas a sua 12ª luta, muitos duvidaram que conseguisse terminar o combate de pé. Holyfield derrotou Qawi e conquistou aquele que seria o primeiro de seus títulos mundiais.

Quando passou à categoria dos pesados, em 1988, especialistas disseram que sua "frágil" estrutura física não suportaria os golpes dos grandalhões da nova categoria. Em 1990, nocauteou James "Buster" Douglas, o pugilista que meses antes havia nocauteado o temível Mike Tyson, que estava no seu maior auge.

Depois da segunda derrota para Riddick Bowe, em 1995, foi aconselhado que Holyfield se aposentasse.

Mas ele continuou.

Às vésperas de sua luta com Tyson, pelo título dos pesados da Associação Mundial, as revistas de boxe alertaram que aquela luta representaria um risco para o seu bem-estar físico. Holyfield venceu por nocaute no 11º assalto.

E na medida em que a revanche com Tyson se aproximava, a imprensa e o público diziam que -Tyson é o favorito na bolsa de apostas – e voltavam a duvidar das chances de Holyfield, o que, segundo ele, o motivou ainda mais a vencer.

Em entrevista exclusiva à Folha de SP na época, Holyfield fala de sua expectativa com relação à luta, seu futuro, a importância da religião em sua vida e seus planos de visitar o Brasil.



A baixo a entrevista completa


Folha - O que você achou do adiamento de sua revanche com Mike Tyson?

Evander Holyfield - Já estava treinando quando Tyson sofreu aquele corte. O adiamento interrompeu uma sequência de trabalho e, é lógico, isso me aborreceu.

Mas sempre procuro ver o lado positivo das coisas: o adiamento me proporcionou mais tempo para aperfeiçoar minha técnica. Estarei em minha melhor forma.

Folha - Tyson é treinado por um novo técnico, Richie Giachetti. Em sua opinião, veremos um Tyson diferente no próximo sábado?

Holyfield - É possível que Giachetti tente fazer uma ou outra modificação, mas isso não vai alterar o resultado: vencerei novamente. Penso que tenho o estilo certo para vencer Tyson.

Folha - A imprensa diz que, a exemplo do que ocorreu na primeira luta, motivação determinará o resultado. E eles vêem Tyson como o vencedor, pois agora ele tem mais a provar. Você concorda?

Holyfield - Acho difícil outras pessoas conhecerem o verdadeiro estado de espírito de Mike. Gostaria de saber o que dirão quando ele perder novamente.

Folha - Dizem também que você não consegue seguir uma boa performance com outra. Esse tipo de comentário o incomoda?

Holyfield - Essa é a opinião deles. Sempre estive motivado para minhas lutas e não sou o tipo que desiste ou "quebra" sobre pressão. Veja meu cartel: 33 vitórias, contra apenas 3 derrotas. Acho que esses números provam que mantenho uma certa regularidade.

Folha - E por que então você acha que as casas de apostas colocam Mike Tyson como o favorito na proporção de 2 por 1?

Holyfield - Essas pessoas pensam que sabem de tudo; elas podem dizer o que quiserem. Ser o azarão apenas me motiva.

Folha - Há pouco tempo, foi divulgado pela imprensa norte-americana que você estaria pensando em se aposentar após a revanche com Tyson. Você confirma isso?

Holyfield - Ainda não sei qual será minha decisão, pensarei nisso após a luta. E, se eu ainda não sei, acho que ninguém mais pode.

Folha - Você tem alguma obrigação contratual com o promotor de lutas Don King? Ele disse que pretende organizar a unificação dos títulos dos pesados...

Holyfield - King é o promotor de minha próxima luta (a revanche com Tyson); é a única coisa que posso dizer no momento.

Folha - Independentemente do promotor, você gostaria de unificar os títulos mais uma vez? Moorer (que derrotou Holyfield em 1994), campeão pela Federação Internacional, seria uma das opções?

Holyfield - Gostaria muito de unificar os cinturões. Moorer seria uma das opções, pois é fácil negociar com seus empresários.

Folha - E quem é o melhor dos pesos-pesados que estão despontando no momento?

Holyfield - Existem muitos bons lutadores surgindo. É difícil você dizer que esse ou aquele será o grande campeão do futuro.

Veja um exemplo: David Tua (um dos sparrings de Holyfield) é um bom lutador. Em seu último combate, entretanto, ele foi derrotado por um outro jovem pugilista (Ike Ibeabuchi, invicto, mas que era desconhecido do público.

Isso mostra que existe uma quantidade grande de lutadores de qualidade à espera de uma chance.

Folha - Você se lembra de Adilson "Maguila" Rodrigues?

Holyfield - Ele fez um bom primeiro assalto quando nos enfrentamos. E até me surpreendeu, mas perdeu no segundo assalto.

Folha - Ele está ranqueado pela Associação Mundial. Existe alguma chance de revanche?

Holyfield - Poderia enfrentá-lo, se houvesse interesse do público.

Folha - É verdade que você está pensando em conhecer o Brasil?

Holyfield - Gostaria de visitá-los, mais para o fim do ano. Mas isso não depende só de mim.

Folha - Você é extremamente religioso. Como a religião influi em sua preparação para as lutas?

Holyfield - A religião me motiva. Jesus Cristo te fortalece e faz você atuar em suas melhores condições. Mas a religião não é importante apenas para isso, ela sempre fez parte de minha vida.

Folha - E o que aconteceu quando você enfrentou e venceu George Foreman, que é um pastor? Sua fé foi mais forte que a dele?

Holyfield - Como disse, Ele faz você se apresentar em suas melhores condições possíveis.

Folha - Qual sua opinião sobre as declarações de Cookie, mulher do ex-jogador de basquete Earvin "Magic" Johnson, quando afirmou que Deus eliminou o vírus HIV do corpo de seu marido?

Holyfield - Isso é possível, pois Ele pode curar qualquer enfermidade. Sou um exemplo disso: Deus não apenas eliminou meus problemas de coração (que teriam sido a causa de uma de suas derrotas para Bowe), como me curou várias outras vezes.

Folha - No Brasil, algumas academias organizam estudos bíblicos após os treinos. Você aprova esse tipo de atividade?

Holyfield - Isso é ótimo, pois esses atletas podem aprender mais sobre Aquele que é nossa fonte de vida. Além disso, as pessoas têm que se lembrar que um dia não haverá mais lutas, e sua vida seguirá.

E a religião é o melhor caminho para aprender a viver...


Com técnica e levando sempre Tyson para o clinch, Holyfield foi vencendo batendo na saída.



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