15/03/2024
Relator do processo, contudo, disse que assistiu a vídeos
A vereadora Maria Leticia (PV) voltou a negar que estava embriagada ao se envolver em um acidente de trânsito que a levou ser presa em flagrante por embriaguez ao volante e desacato em novembro do ano passado. A declaração foi dada durante depoimento ao Conselho de Ética da Câmara de Curitiba nesta sexta-feira (15) em processo que pode cassar o mandato da política.
“Eu não bebi e não estava embriagada”, disse a parlamentar antes de afirmar não se lembrar da oferta do teste de bafômetro por parte dos policiais militares que atenderam a ocorrência. “Não me recordo de terem me oferecido [o teste] no local. Eu estava confusa. Nem na delegacia me ofereceram”, alegou.
O relator do processo disciplinar que tramita no Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara, vereador Professor Euler (MDB), porém, afirmou ter assistido a recortes de vídeos gravados na delegacia que mostram a oferta do teste de bafômetro e a retirada de algemas da vereadora. “Em respeito ao sigilo, não vou pedir para passar [os vídeos]”, disse.
Maria Leticia foi questionada sobre o evento em que estava antes de se envolver no acidente. Ela e uma assessora estiveram no show da cantora Ludmilla antes do episódio, mas destacou ter saído do evento cerca de 1h30 depois de ter chegado, pois tinha uma reunião. “Eu não bebi porque minha assessora estava bebendo”, afirmou.
Sobre o copo encontrado no interior do carro, na porta do passageiro, a parlamentar disse não saber o que havia dentro do recipiente. “Não era eu quem estava bebendo. Então, não sei o que tinha dentro. Não bebi nada alcóolico”, repetiu.
Antes de bater seu veículo contra um carro estacionado, Maria Leticia disse que já estava se sentindo “desconfortável” devido a complicações de saúde enfrentados por ela nos últimos meses. A vereadora também enfatizou se recordar do acidente, mas explicou ter perdido a consciência ao colidir o carro. “Quando recobro os sentidos, estou com uma dor de cabeça absurda, tonta, com a sensação de perda de espaço. Eu não sabia quem eu era e fiquei com medo de sair do carro. Achei que fosse ser agredida”, relatou.
Ela também respondeu ao questionamento sobre o porquê de ter se negado a passar por exame toxicólogo. “Eu não quis fazer o exame toxicológico porque já fui julgada e condenada pela suposta possibilidade de estar alcoolizada. Imagina os senhores se eu tivesse realizado um toxicológico e lá aparecesse traços de THC [tetrahidrocanabinol]. Nós não estaríamos aqui conversando e certamente já estaria condenada por ‘estar usando drogas'”, disse a vereadora, que destacou fazer o uso da substância por causa de doença autoimune.
Sobre o suposto desacato aos policiais militares, Maria Letícia chamou de “violência clara” o que fizeram com ela ao citar as algemas e a sua detenção no camburão da viatura. Ela chegou a recordar que se debateu dentro do porta-malas do veículo e negou ter ofendido os servidores. “Achei aquilo covarde… Colocar uma mulher de 64 anos, algemada, em um camburão é uma covardia”, alegou.
Ela também confirmou ter dito aos policiais que estava sofrendo assédio, mas em vários momentos disse não recordar de declarações relatadas pelos agentes. Além disso, negou ter tentado fugir do local.
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