15/11/2024
Brasil teve ótimos momentos no primeiro tempo e dominou parte final da partida
O Brasil merecia mais, e isso por si só já é suficiente para certificar a evolução do time de Dorival Júnior de outubro para cá. Se a premissa de analisar performance e não resultado valeu para momentos como a vitória nada convincente diante do Equador, é necessário bater na tecla de que a Seleção evoluiu desde então e fez por onde voltar da Venezuela com um placar melhor do que o 1 a 1.
A frustração pelos dois pontos deixados em Maturín ficou evidenciada nas palavras do próprio treinador. Não se pode perder de vista, porém, que o Brasil mais uma vez apresentou variações interessantes que deram volume no campo de ataque. É bem verdade que defensivamente os espaços permitiram que os venezuelanos assustassem, principalmente no segundo tempo, mas o time carente de ideias ofensivas da Copa América já não existe mais.
Começando pelo que deu certo, a mobilidade do quarteto ofensivo somada às chegadas de Bruno Guimarães e, principalmente, Gerson fizeram do Brasil um time extremamente vertical na construção. Da saída ou da roubada de bola até a área adversária, não havia tempo perdido com circulação inerte como se viu muitas vezes nos Estados Unidos no meio do ano.
O gol de falta de Raphinha (mais um) fez jus no intervalo a um Brasil que obrigou Romo a fazer grande defesa para impedir gol contra de Aramburu e viu Vini Júnior carimbar a trave em belo contra-ataque e passe de Savinho. A Seleção foi objetiva e sofreu pouco diante de um adversário que apelou para bolas aéreas nos minutos iniciais.
A transição defensiva, por outro lado, já indicava espaços que a Venezuela soube explorar logo no primeiro minuto do segundo tempo. O Brasil até recuperava a bola quando pressionava a saída dos rivais, mas faltou agressividade no perde e pressiona. Quando era o ataque que acabava desarmado, os volantes em especial tinham que correr muito para trás até uma primeira linha muito baixa e postada.
O resultado acabava dando a impressão de que Bruno e Gerson deixavam buracos, mas na verdade tentavam do jeito que era possível ocupá-los. Esse cobertor curto deixou a boca do funil, como é chamada a entrada da área, descoberta para o gol de Segovia. A Venezuela até esboçou presença no campo de ataque nos minutos iniciais do segundo tempo, mas o Brasil logo retomou as rédeas de um jogo que ficou extremamente aberto por um período.
Após lançamento de Gerson, Vini Jr. foi derrubado por Romo na área. Pênalti desperdiçado pelo próprio atacante em lance que determinou o resultado. O Brasil até se manteve no campo de ataque. Dorival Júnior abriu mão de jogadores defensivos para colocar atacantes, mas foi difícil encontrar espaços no ferrolho venezuelano já satisfeito com o empate.
Entre prós e contras, o Brasil apresentou elementos interessantes na parte ofensiva e viaja agora para Salvador com a chance de se vingar do Uruguai, algoz da Copa América. A julgar pela fluidez ofensiva, tem motivos para confiar nisso - por mais que os espaços lá atrás também precisem ser corrigidos.
Se o resultado na Venezuela deixou um gosto de frustração, é preciso ponderar que a Seleção evolui de outubro para cá. Três jogos ainda indicam um recorte pequeno, mas que já dão esperança.
Terça-feira, às 21h45 (de Brasília), o Uruguai é o último adversário de 2024, na Fonte Nova, em Salvador. E é bom que se consiga unir performance + resultado com uma vitória que abra caminhos de tranquilidade para o ano que vem.
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