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Quarta estagiária é demitida de escritório de advocacia por atos racistas

19/11/2023


Polícia analisa vídeos apresentados pelas vítimas



Uma quarta estudante de Direito da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) foi desligada do escritório de advocacia onde fazia estágio sob acusação de praticar atos discriminatórios contra alunos cotistas da Universidade de São Paulo (USP) durante jogos universitários realizados no sábado (16).


O escritório Machado Meyer comunicou a demissão de Marina Lessi de Moraes nesta terça-feira (19).


Ela, Tatiane Joseph Khoury, Matheus Antiquera Leitzke e outro rapaz, cujo nome não foi confirmado pelo escritório em que estagiava, foram demitidos após serem identificados por uma "força-tarefa" de alunos das universidades envolvidas, a partir de vídeos e fotos feitos durante uma partida de handebol masculino em Americana, no interior do estado.


Uma outra estudante que também aparece nas imagens foi afastada do Centro Acadêmico da Faculdade de Direito da PUC.


Enquanto as equipes das duas instituições se enfrentavam, torcedores uniformizados da PUC gritavam frases de cunho pejorativo contra estudantes cotistas da USP. Ao mesmo tempo, faziam sinal de dinheiro com as mãos, se referindo à situação socioeconômica das vítimas.


Segundo uma estudante que presenciou a cena, os ataques foram dirigidos a um grupo de estudantes negros. Dentre as ofensas proferidas, os autores teriam dito frases como "cotista filho da p***" e "manda o Pix da esmola".


Na segunda (18), a Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi) instaurou um inquérito policial para apurar as denúncias de racismo.


Segundo a Secretaria da Segurança Pública (SSP), os vídeos apresentados pelas vítimas estão sob análise da equipe de investigação.


Demissões

Sobre o desligamento de Tatiane, o escritório Pinheiro Neto disse que "não tolera e repudia racismo ou qualquer outro tipo de preconceito". Questionada se a jovem teria se defendido das acusações, a empresa informou que vai se posicionar apenas por meio da nota divulgada.


O escritório Tortoro, Madureira & Ragazzi afirmou que, inicialmente, determinou a suspensão de Matheus, dando cinco dias para o jovem se manifestar a respeito das acusações. Contudo, o rapaz compareceu à empresa nesta manhã e conversou com o coordenador responsável, na presença da equipe de Recursos Humanos. Ele teria admitido a participação nos atos discriminatórios e aberto mão do prazo de defesa, sendo demitido.


Procurado, o Machado Meyer comunicou que, "alinhado com os seus valores institucionais e o seu compromisso inegociável com a promoção de um ambiente inclusivo e respeitoso, decidiu pelo desligamento da estagiária (Marina)".


Entre os outros alunos identificados nas imagens estaria também um estagiário do escritório Castro Barros Advogados, que se manifestou pelo LinkedIn, informando que ele não integra mais a empresa. Disse ainda que não admite atos discriminatórios praticado por nenhum de seus integrantes, dentro ou fora do escritório. "Qualquer pessoa que ignore ou despreze esse fato não tem condições de fazer parte do Castro Barros Advogados."


Uma caloura identificada nas imagens foi afastada do centro acadêmico 22 de Agosto, da Faculdade de Direito da PUC. Ela fazia parte da Comissão de Permanência do grupo e, segundo o CA, "não havia apresentado posturas problemáticas" até então.


"Considerando nossa política rigorosa de combate a qualquer comportamento discriminatório, removemos a pessoa dos quadros da gestão com rapidez, até que tudo seja devidamente apurado pelas instâncias da Universidade. Logo, a referida aluna não faz parte do Centro Acadêmico 22 de Agosto", informou o CA.


Todos os estudantes identificados apagaram seus perfis profissionais na rede LinkedIn.

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