Orquestra Sinfônica conecta a música clássica aos Beatles neste domingo
- JORNALE
- 13 de mai.
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13/05/2025
O concerto propõe uma leitura conceitual do repertório da banda britânica

A Orquestra Sinfônica do Paraná (OSP) realiza em apresentação única um concerto especial que mergulha na conexão entre a música clássica e o universo dos Beatles. Diferente de uma apresentação do tipo “tributo” ou “Beatles sinfônico”, o concerto propõe uma leitura conceitual do repertório da banda britânica, destacando como a música orquestrada e o papel do produtor George Martin transformaram a sonoridade e a profundidade das composições de John Lennon, Paul McCartney, George Harrison e Ringo Starr.
O concerto será realizado em 18 de maio (domingo), às 10h30, no Guairão. Os ingressos podem ser adquiridos a partir desta terça-feira (13), às 10h, no site deubalada.com.
Este é um ano muito especial para a OSP, que celebra 40 anos de história com uma série de concertos ao longo do ano, e este especial de Beatles se destaca entre as comemorações. “Unindo a música clássica a grandes sucessos populares, sempre com muita qualidade artística, a Orquestra Sinfônica do Paraná é uma das grandes responsáveis pela formação de plateia para os palcos paranaenses, com um público que atravessa gerações”, afirma o governador Carlos Massa Ratinho Junior.
A proposta é uma iniciativa do Teatro Guaíra e da Orquestra Sinfônica do Paraná em parceria com o Instituto de Apoio à Orquestra Sinfônica do Paraná (IAOSP), com patrocínio do Colégio Positivo, e tem como regente o maestro convidado João Maurício Galindo.
“É uma homenagem que reforça o compromisso da OSP com a diversidade artística e com a democratização da música de concerto, levando ao palco do Guairão um repertório que conversa com todas as idades”, afirma Luciana Casagrande Pereira, Secretária da Cultura do Paraná.
Como ressalta o diretor-presidente do Centro Cultural Teatro Guaíra, Cleverson Cavalheiro, a OSP é um dos pilares da instituição, levando a música de concerto a públicos diversos e emocionando gerações há quatro décadas. “Este momento representa não apenas o reconhecimento de uma trajetória sólida, mas também o início de um novo ciclo, mais forte e promissor.”
PROGRAMA – O programa traz arranjos inéditos de Fábio Prado para obras emblemáticas dos Beatles. Clássicos como “Yesterday”, “Let It Be”, “Eleanor Rigby”, “Blackbird” e “While My Guitar Gently Weeps” ganham novas camadas orquestrais, revelando as raízes eruditas que influenciaram os músicos e evidenciando o quanto essa experimentação elevou o pop a um novo patamar artístico.
Segundo Galindo, o objetivo do concerto é mostrar ao público como os Beatles não apenas dialogaram com a tradição clássica, mas a integraram ao seu processo criativo a partir de um ponto de virada muito claro: a chegada de George Martin. “Ele era um músico de formação clássica, mas muito aberto para música pop, e trouxe para o estúdio uma abordagem que os Beatles não conheciam até então”, afirma o maestro.
Aos poucos, os quatro garotos de Liverpool (que já nem eram mais garotos e estavam ganhando maturidade, inclusive artística) começaram a entender a complexidade da harmonia, a riqueza dos timbres orquestrais e a possibilidade de criar texturas mais sofisticadas em suas canções. “Eles se voltaram para outras formas de música, saíram daquele rock básico, a essa fusão com a música erudita eles mudaram completamente de estilo”.
Deste modo, os Beatles descobriram um universo novo, no qual o pop pode ser elaborado, ter camadas, se afastar da repetição e abraçar o inesperado. Isso é perceptível, por exemplo, na construção de canções como “Because”, que tem uma harmonia quase renascentista, ou “Eleanor Rigby”, cuja força emocional vem de um quarteto de cordas que substitui os instrumentos tradicionais do rock.
Além do repertório cuidadosamente selecionado, o concerto também convida o público a refletir sobre a transformação do papel do produtor musical na história da música pop. “George Martin incentivou o uso de instrumentos de orquestra, sugeriu outras referências nas músicas e ajudou a criar a sonoridade dos Beatles tal como conhecemos”, comenta Samuel Ferrari Lago, presidente do IAOSP.
A proposta do concerto é, portanto, pedagógica e sensorial: apresentar um recorte do repertório dos Beatles à luz da música de concerto, oferecendo novas escutas para canções consagradas e ressaltando o caráter revolucionário da fusão entre erudito e popular. “Os Beatles mudaram a música pop, e a música clássica foi parte fundamental dessa revolução. Nosso concerto pretende evidenciar esse processo, com respeito à obra e à inteligência musical que ela contém”, afirma.
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