26/04/2022
Ex-doleira foi presa na semana passada
A doleira Nelma Kodama, investigada na Operação Lava Jato, integrava um esquema de tráfico internacional de drogas que contava com a participação do Primeiro Comando da Capital (PCC). A informação é de documentos da operação da Polícia Federal (PF) que prendeu Nelma novamente na semana passada, por suspeita de atuar no comércio de entorpecentes para a Europa.
Segundo a investigação, a doleira e outros suspeitos na mira da PF também estiveram envolvidos na venda de respiradores e máscaras durante a pandemia da covid-19. A Operação Descobrimento foi deflagrada no Brasil e em Portugal há uma semana. O foco era a atuação de uma quadrilha que transportava cocaína escondida na fuselagem de aeronaves de luxo para a Europa. O esquema com jatinhos funcionou por ao menos dois anos, entre 2020 e 2022, segundo os investigadores.
Em voo de fevereiro do ano passado, a PF interceptou o transporte e apreendeu 535,6 quilos de cocaína em um avião que chegava a Salvador. Sete pessoas tiveram mandado de prisão expedido pela Justiça, que ordenou buscas em 46 localidades do País. Todos os suspeitos, incluindo Nelma, vão responder pela prática dos crimes de tráfico internacional de drogas, lavagem de dinheiro e formação de organização criminosa.
A doleira ficou conhecida em março de 2014, após ser presa na 1ª fase da Operação Lava Jato sob suspeita de participar de lavagem de dinheiro no esquema de corrupção na Petrobras com o doleiro Alberto Yousseff. Na época, ela foi detida em São Paulo, quando tentava embarcar para Milão, com 200 mil escondidos na calcinha. Quando foi chamada para se explicar sobre as acusações no Senado na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobras, Nelma roubou a cena ao cantar a música Amada Amante, de Roberto Carlos e Erasmo Carlos, ao ser questionado sobre sua relação com Yousseff.
No esquema de tráfico, a atuação do grupo se dividia em três núcleos identificados pela PF. A doleira Nelma Kodama integrava o primeiro núcleo, de acordo com a PF. Também estava neste grupo Marcelo Mendonça de Lemos, apontado como integrante do alto escalão do PCC. Lemos também é conhecido pelos apelidos Marcelo Grandão e Marcelo Infraero, supostamente pelo fato de sempre frequentar o aeroporto. Nelma, Lemos e outras quatro pessoas (entre elas o ex-secretário de Ciência e Tecnologia de Mato Grosso Nilton Borgato) seriam os responsáveis pela aquisição da droga com os fornecedores e pela sua introdução no mercado europeu.
Um despacho da Justiça informa que Marcelo Lemos e sua mulher saíram do Brasil em 2 de junho do ano passado, com destino à América Central e, posteriormente, viajaram para os Estados Unidos, onde, possivelmente, permanecem até hoje.
A doleira participava das remessas de drogas ao exterior antes de o avião com drogas ser flagrado em Salvador. Ela mantinha relacionamento amoroso com um outro suspeito de participar do esquema: Rowles Magalhães Pereira da Silva. O relatório da PF, relata, com riqueza de detalhes, até com cópias de conversa de WhatsApp entre Nelma e Rowles, a importante participação de ambos em uma operação envolvendo a remessa de droga entre 4 de abril de 2020 e 13 de junho de 2020.
Outro integrante do núcleo, Claudio Rocha Junior, está preso em Portugal. Ele é suspeito de integrar o grupo criminoso, tanto no tráfico internacional como na lavagem de capitais. Rocha estaria, fora do Brasil, atuando em vários países da América do Sul, além de Estados Unidos, Austrália e Europa (sobretudo Portugal e Espanha).
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