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“Não há lugar mais hostil que o estádio de futebol”, diz torcedor

15/03/2022


Audiência debateu projeto que combate a violência contra as mulheres e a comunidade LGBTQIA+



Lazer e diversão para uns e insegurança, importunação sexual e preconceito para outros. Neste duelo, a desigualdade ganha de goelada. Para tornar os eventos esportivos mais seguros, saudáveis e inclusivos para as mulheres e para a população LGBTQIA+, a Assembleia Legislativa do Paraná promoveu uma Audiência Pública nesta terça-feira (16) para debater formas de atingir esse objetivo.


O tema central foi o projeto de lei 367/2021, de autoria do deputado Tadeu Veneri (PT), que cria a Campanha Permanente de Incentivo à Participação de mulheres e população LGBTI em Eventos Esportivos e Combate à Violência contra as mulheres e com base no gênero nos Estabelecimentos Desportivos em especial Estádios de Futebol do Paraná.


“A audiência serve para ampliar o debate de um projeto já construído com uma base em diálogos feitos pela Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Paraná com grupos e coletivos sociais. Há uma violência quase institucionalizada, por isso precisamos de leis para mudar essa cultura e criar penalização a quem comete esses atos em estádios, ginásios e eventos esportivos”, explicou o parlamentar.


Os participantes levantaram uma série de questões que impactam a participação feminina e da população LGBTQIA+ em um cenário extremamente masculino. Os apontamentos serão encaminhados aos demais deputados estaduais, ao Governo, além de clubes, federações e confederações esportivas.


Hostilidade


Um simples jogo de futebol pode ser um desafio. O farmacêutico e membro dos coletivos Atleticanhotxs e Furacão LGBTQ, Murilo Cereda da Silva define o estádio de futebol como o ambiente mais hostil que existe para a população LGBTQIA+. “Não há outro lugar onde você é tão ofendido do início ao fim. Minha paixão era uma ofensa a mim mesmo. Para torcer, cantava coisas que me sentia ofendido”, contou. “É uma enorme alegria discutir esse projeto. Quero estar junto com a torcida sem ter medo de ser violentado”, acrescentou.


A professora universitária e doutoranda em História Social pela USP, Fernanda Haad, cita que o esporte e, especificamente, o futebol, se constituíram como espaço de hegemonia dos homens e com um ideal de masculinidade. “A consequência é a marginalização de outras formas de masculinidade, das mulheres e uma homofobia generalizada”, afirmou.


Este espaço, segundo ela, “cria barreiras de acesso às mulheres, que não são vistas como sujeitos de direito, mas como corpos disponíveis que não estariam ali para torcer”.

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