Mudanças climáticas podem causar danos em alargamento de Balneário Camboriú
- JORNALE
- 3 de dez. de 2022
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03/12/2022
Prefeitura diz que alargamento é estável e planeja mais trabalhos

Há um ano a faixa de areia na Praia Central de Balneário Camboriú, no Litoral Norte catarinense, passou de 25 para 70 metros. A conclusão da megaobra ocorreu em 3 de dezembro de 2021, nove meses após o início dos trabalhos. Desde então, alguns episódios chamam a atenção no local, como os aparecimentos de "degraus" e lagoas.
Além disso, algumas etapas previstas para depois da obra de alargamento ainda não estão prontas. Entre elas, a ampliação do calçadão e o plantio de restinga, uma exigência do licenciamento ambiental da obra, o que preocupa geólogos.
O alargamento foi projetado com objetivos ambientais e turísticos. Segundo a prefeitura, a alteração vai permitir, além da proteção da orla contra o avanço das marés, a criação de espaços privilegiados para os moradores e os visitantes.
Neste marco de 12 meses após o alargamento, o g1 ouviu especialistas, que alertaram para a influência de mudanças climáticas na praia, principalmente em relação a elevação do nível do mar e alterações na biodiversidade local.
Ele, que também é professor da Universidade Regional de Blumenau (FURB), ainda avalia que há a possibilidade de a água, com a elevação do nível do mar, passar por baixo do alargamento e chegar às bocas de lobo.
A prefeitura, no entanto, afirma que a obra está estável e que mais projetos são planejados para melhorar a infraestrutura urbana.
Mudanças climáticas
A elevação do nível do mar foi citada por Aumond e pelo professor de ecologia e oceanografia Paulo Horta, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), como uma situação preocupante globalmente, e que pode afetar a Praia Central.
"O nível do mar deverá aumentar em função do aquecimento global, do degelo dos glaciários. E todos esses grandes glaciares estão degelando, esse degelo de áreas continentais eleva nível do oceano. A água não cabe dentro da caixa oceânica e ela acaba transgredindo sobre a área continental", declara Aumond.
Sobre a possibilidade de a água passar por baixo do alargamento, ele diz que "essa água vai migrar subterraneamente até a área litorânea, onde está a cidade. Vai migrar nas bocas de lobo, nos sanitários mais baixos".
Outro problema que pode ocorrer com a elevação do nível do mar, segundo ele, é a salinização da água. "Teremos um tratamento de água mais complicado", resume Aumond.
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