19/03/2022
Ex-presidente esteve em evento do PT realizado em Curitiba
Em discurso durante evento na noite desta sexta-feira (18), no Unimed Expo em Curitiba (PR), para comemorar a filiação do ex-governador paranaense Roberto Requião ao PT, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a criticar a atual política de preços da Petrobras, responsável por aumentos sucessivos no preço dos combustíveis, e a afirmar que o Estado brasileiro precisa ser novamente fortalecido para ajudar o povo.
“Já provamos que este país não pode se subordinar a ninguém. Na crise de 2008, o barril do petróleo custava 147 dólares e a gasolina no meu governo era apenas R$ 2,60. A gente tinha a BR, mas a BR não prestava, era preciso destruir a BR, ter concorrência porque só o livre mercado vai resolver o problema. Vamos então partilhar a BR e vamos trazer empresa estrangeira pra cá. Hoje, tem 392 empresas importando gasolina a preço de dólar, quando nós produzimos gasolina a preço de real. Sabe pra quê? Porque é preciso pagar dividendos pros acionistas americanos e alguns brasileiros”, criticou Lula.
Para o ex-presidente, o discurso muitas vezes propagado pelo país de que o Estado deve ser enfraquecido acaba atingindo setores mais humildes da sociedade. “O que nós precisamos é ter consciência da quantidade de vezes que nós somos enganados, da quantidade de vezes que a elite escravista deste país consegue colocar na cabeça do nosso povo mais humilde que o Estado não presta, que a única coisa boa é a iniciativa privada, que a saúde pública não presta”, afirmou o ex-presidente.
Segundo ele, o SUS foi fundamental para que o Brasil, que graças à desastrosa política de enfrentamento à pandemia se consolidou como o segundo país com mais mortes por Covid-19 no mundo, não ficasse em uma situação ainda pior.
“Agora na pandemia, se não fosse a saúde pública este país teria quebrado e teria morrido muito mais gente. Aos meus 76 anos, eu não acredito em Estado fraco, eu quero um Estado forte. Não um Estado empresarial, mas um Estado indutor do desenvolvimento, um Estado que não gaste todos os seus recursos para pagar juros ao sistema financeiro, mas que garanta numa crise como essa que não falte comida pro nosso povo, que não falte comida, que não falte remédio. Eu quero dizer que se preparem porque o povo vai voltar a governar este país e a Petrobras vai voltar a ser do povo brasileiro, não vamos privatizar o Correio, não vamos privatizar o Banco do Brasil, não vamos privatizar a Caixa Econômica, não vamos destruir o BNDES, não vamos privatizar a Eletrobras”, complementou.
Fortalecimento do Estado
Um Estado mais forte, na opinião de Lula, seria capaz de garantir a produção de fertilizantes para o setor agrícola do país, algo que estava sendo feito com a construção de diversas fábricas, mas que foram paralisadas após o golpe de 2016.
“Eu não posso olhar na cara de um neto e falar ‘olha, meu filho, não dá pra resolver porque o mundo tá difícil, é a guerra da Rússia com a Ucrânia que tá tornando o fertilizante caro’. Mentira. Eles fecharam fábrica de fertilizante no Sergipe, fecharam fábrica de fertilizante no Paraná, deixaram de construir a fábrica de ureia em Três Lagoas, deixaram de construir a fábrica de amônia em Uberaba, eles nunca se importaram em ser autossuficientes em fertilizantes, nós sim nos preocupamos e começamos a fazer”, lembrou.
Lula também falou sobre as consequências nefastas trazidas pelo golpe de 2016 para o povo brasileiro. “Inventaram uma tal de ponte para o futuro, mas a tal da ponte era só um buraco, não tinha ponte. E passados seis anos do golpe contra a Dilma, como é que tá o Brasil? Quanto tá o quilo do arroz, o quilo de feijão, o quilo da carne, qto tá o litro de gasolina, quanto tá o litro do óleo diesel, quanto tá o preço dos pedágios por esse país afora? Como está o preço das coisas que nós consumimos todo dia? ‘O preço da gasolina tá caro porque tem guerra na Ucrânia’ O preço da gasolina tá caro porque essa gente que governa este país não presta, não tem compromisso com vocês”, completou.
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