23/08/2024
Harris aceitou formalmente a candidatura à presidência nesta quinta-feira

Kamala Harris aceitou formalmente a nomeação como candidata à presidência dos Estados Unidos durante a Convenção Nacional do Partido Democrata nesta quinta-feira (22/08), onde fez o discurso mais importante da sua carreira até agora.
Harris iniciou o discurso abordando sua vida pessoal — comemorando em suas primeiras frases os dez anos de casamento com Douglas Emhoff e relembrando a história de sua família.
A candidata também abordou temas sensíveis para a campanha, como a imigração e a guerra em Gaza. Ela afirmou que pretende resgatar um projeto bipartidário para reforçar o controle nas fronteiras e o sistema de imigração.
Sobre a situação em Gaza, disse que sempre defenderá Israel, forte aliado dos EUA, mas clamou por uma solução rápida.
Boa parte do discurso teve ataques ao candidato republicano Donald Trump, que ela disse não ser "um homem sério". Ela mencionou as acusações e condenações que o ex-presidente enfrenta na Justiça, além do que classificou como retrocessos durante o governo Trump, como restrições ao aborto e cortes de impostos para super-ricos.
A democrata afirmou que, se for eleita, será "uma presidente para todos os americanos".
"Não como membros de qualquer partido ou facção, mas como americanos", disse Harris, que também fez acenos à classe média.
"A classe média será um objetivo central na minha presidência, porque acredito firmemente que quando a classe média é forte, a América é forte", afirmou, acrescentando que ela própria tem origem na classe média.
A candidata também abordou no discurso a recente decisão por sua candidatura.
"O caminho que me trouxe até aqui nas últimas semanas foi sem dúvida inesperado", disse Harris, um mês depois de o presidente Joe Biden ter desistido da reeleição.
"Mas jornadas improváveis não são algo estranho para mim."
Apesar da aclamação nesta noite, Harris, de 59 anos, enfrentou anos de dúvidas de dentro do próprio partido sobre sua capacidade de concorrer ao cargo público mais alto dos Estados Unidos.
Depois do fracasso da sua rápida candidatura presidencial em 2019, Harris começou a vice-presidência de forma instável, marcada por tropeços em entrevistas importantes, rotatividade na equipe e baixos índices de aprovação.
E, nos últimos três anos e meio na Casa Branca, ela teve dificuldade para atingir os eleitores americanos.
Seus aliados e assessores afirmam que, nos anos que se passaram desde aquelas dificuldades iniciais, Kamala Harris melhorou suas habilidades políticas, criou coalizões leais dentro do seu partido e estabeleceu credibilidade sobre temas importantes para a base democrata, como o direito ao aborto.
Ou seja, ela se preparou exatamente para o momento atual.
O discurso desta quinta-feira se tornou uma oportunidade para Harris se reapresentar no cenário nacional americano — menos de 80 dias antes da eleição que poderá torná-la a primeira mulher presidente dos Estados Unidos.
Mas, paralelamente, ela terá que provar que é capaz de comandar um partido que nunca a considerou sua líder natural e permanece dividido em relação à guerra em Israel e na Faixa de Gaza.
Protestos pró-Palestina viraram um incômodo para os dirigentes democratas durante a convenção, que em seus vários dias de evento essa semana tiveram manifestantes do lado de fora.
Nessa quinta-feira, um grupo de delegados deram até as 18h do horário local para que a organização da convenção definisse se alguém ligado à causa palestina poderia discursar no evento.
Sem o pedido atendido, alguns delegados fizeram um pequeno protesto do lado de fora do evento.
Acima de tudo, Harris precisará afastar qualquer dúvida remanescente entre a base democrata de que ela pode enfrentar o desafio de vencer o ex-presidente Donald Trump em uma eleição que permanece acirrada e imprevisível.
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