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Empresas rompem contrato milionário após diretor ser chamado de 'negão' em reunião

  • Foto do escritor: JORNALE
    JORNALE
  • 30 de jun. de 2022
  • 2 min de leitura

30/06/2022


Videoconferência era para tratar do desenvolvimento de um software para a multinacional Oracle



Duas empresas romperam contrato após o diretor de uma delas ter sido chamado de "negão" durante uma reunião de trabalho por videoconferência. O pacto entre as corporações era avaliado em R$ 1 milhão, segundo a vítima. O suspeito de praticar a injúria disse que a palavra, considerada racista pelo executivo, "escapou inconscientemente" e que se retratou na hora. O caso se tornou um processo judicial.


A conversa era para tratar do desenvolvimento de um novo software para a Oracle, multinacional norte-americana de tecnologia, e reuniu representantes de outras duas companhias credenciadas que fariam a produção do dispositivo. As empresas credenciadas eram a Proz Educação, da qual Juliano Pereira dos Santos, que alega ter sofrido a injúria racial, é diretor de tecnologia, e a Optat Consulting, que tinha Matheus Mason Adorno como um dos representantes e foi quem falou a palavra "negão".


Além do encerramento do contrato, Juliano entrou com um processo na 5ª Vara Cível da Comarca de Campinas (SP) contra Matheus com um pedido de indenização por danos morais. A reunião aconteceu em outubro do ano passado e a ação foi protocolada na última sexta-feira (24). Juliano também processou a própria Oracle por suposta omissão, já que, segundo ele, ela manteve o contrato com a Optat mesmo após o caso ter vindo à tona. À época, o diretor também registrou um boletim de ocorrência pela internet por injúria e difamação.


Segundo relato de Juliano, a reunião era para debater uma série de desacordos e descumprimento de prazos no contrato com a Oracle por parte das duas empresas e, durante um momento da conversa, Matheus afirmou: "Pô, negão, aí você me f...". No mesmo momento, o diretor se sentiu ofendido, encerrou a vídeoconferência e procedeu com o encerramento do contrato, que teve o apoio dos outros sócios da Proz Educação.


"O sentimento foi de revolta. Isso não pode mais ser tolerado. A decisão foi imediata, durante a reunião eu falei que o contrato estava rescindido, porque tenho autonomia para isso. Conversei com meus sócios, que entenderam, e isso foi imediatamente acordado. A gente não teve dúvida. Isso fala muito da cultura da empresa, a gente não vai permitir que isso aconteça nem uma, nem duas, nem mil vezes", pontuou Juliano.


Um dos advogados de Juliano, Diogo de Lima dos Santos, afirmou que a reunião era formal e Juliano e Matheus não tinham intimidade para que o termo usado não fosse de maneira ofensiva. "Parece simples, mas não é fácil você ser negro no Brasil e, depois de já ter muita dificuldade para chegar a um cargo de diretor, ser chamado de 'negão' em uma reunião", disse.


Cada uma das ações, contra Matheus e Oracle, tem valor de indenização de R$ 50 mil. "Se trata de um caso de injúria racial. Não podemos mostrar que o racismo no Brasil vale a pena, que as pessoas podem falar e não vai acontecer nada", explicou o defensor.


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