Conflitos marcam relação de governadores e vices em 11 Estados
- JORNALE
- 29 de mai. de 2021
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29/05/2021
Em Santa Catarina, a vice anunciou o fim da dupla em uma carta

As fotos da posse, com governadores e vices unidos para quatro anos de mandato, já amarelaram em ao menos 11 Estados, onde a aliança vencedora nas urnas está rachada ou no mínimo estremecida. A pandemia do novo coronavírus, somada a posições opostas nas eleições municipais do ano passado, provocou rompimentos públicos, ameaças de impeachment e disputas internas por poder.
Em Santa Catarina, a vice Daniela Reinehr (sem partido) anunciou o "fim da dupla" por meio de uma carta de cinco páginas enviada ao governador Carlos Moisés (PSL) e tornada pública. "Vossa Excelência desfez a chapa tão logo sentiu-se eleito, colocando-se como único representante à frente do governo estadual", alegou no texto de junho de 2020.
Desde então, Daniela já assumiu a gestão em duas oportunidades, após denúncias afastarem Moisés do cargo temporariamente. "Advogada, cristã, conservadora e patriota", como ela mesmo se define nas redes, é também bolsonarista e possivelmente candidata a assumir o cargo em definitivo nas eleições do ano que vem.
Mesmo sem anúncio oficial, o governador do Amazonas, Wilson Lima (PSC), e seu vice, Carlos Almeida Filho (sem partido), estão hoje em lados opostos. Após notícias apontarem possível irregularidade na compra de respiradores para pacientes com covid-19, no auge da primeira onda, Filho declarou guerra a Lima e deixou o cargo de chefe da Casa Civil.
"Não me misturo com quem pratica o errado, e é por isso que rompi com o líder que deu as costas à população. Desde então, fui sucessivamente perseguido e ridicularizado, tendo minha equipe de apoio exonerada com o objetivo de constranger minhas boas ações e o meu legado", disse o vice-governador em nota divulgada no fim de abril.
A gestão Lima classificou a relação com o vice como "inexistente desde maio de 2020, quando Filho abandonou não apenas o cargo para o qual foi eleito, como também a chefia da Casa Civil da qual era secretário". Apesar da tentativa de se descolar das ações do governo, Filho foi denunciado juntamente com Lima por suposto desvio de recursos públicos na compra dos respiradores. O prejuízo teria sido superior a R$ 2 milhões.
No Estado vizinho, o vice-governador do Acre, Major Rocha (PSL), também faz as vezes de opositor à gestão Gladson Cameli (PP). Mas, neste caso, o motivo do rompimento, em meados de 2020, não foi a pandemia, mas uma disputa interna de poder. Aliados do vice e da irmã dele, a deputada federal Mara Rocha (PSDB), perderam espaço na máquina estadual.
Rocha tinha autonomia para comandar os órgãos de segurança do Estado, mas, após resultados mal avaliados, perdeu a autoridade sobre as forças e também a proximidade com Cameli. Passou de aliado a "fiscal" - no último ano, Rocha fez até denúncias aos órgãos de fiscalização.
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