28/03/2022
Mitra da Arquidiocese pede “medida disciplinadora proporcional ao incidente”
A Arquidiocese de Curitiba se manifestou, nesta segunda-feira (28), contra a cassação de Renato Freitas (PT) na Câmara Municipal. Em carta endereçada ao vereador Sidnei Toaldo (Patriota), apresentada no Conselho de Ética e Decoro Parlamentar, a Mitra da Arquidiocese pede “medida disciplinadora proporcional ao incidente”. Freitas virou alvo de investigação após ter liderado uma invasão à Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, no Largo da Ordem, no início de fevereiro.
Ao justificar a manifestação, a Arquidiocese de Curitiba cita o fato de Freitas já ter pedido desculpas.
“O Vereador procurou as autoridades religiosas, reconheceu seu erro e pediu desculpas. A Arquidiocese se manifesta em favor de medida disciplinadora proporcional ao incidente. Ademais, sugere que se evitem motivações politizadas e, inclusive, não se adote a punição máxima contida no Código de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara Municipal de Curitiba”, descreve a carta assinada pela procuradora a Arquidiocese, Cynthia Glowacki Ferreira.
A invasão à aconteceu no dia 5 de fevereiro, após protestos pela morte do congolês Moïse Mugenyi Kabagambe, no Rio de Janeiro. Um vídeo mostra o parlamentar, do Partido dos Trabalhadores (PT), discursando no interior do templo religioso com um megafone.
Nesta segunda-feira (28), Freitas disse que é alvo de mentiras.
“A igreja estava aberta e vazia quando entramos e, em nenhum momento, foi-nos dito para não entrarmos. E, uma vez que entramos, não nos foi dito para sair. Pelo contrário, o padre nos acompanhou o tempo todo”, afirmou o parlamentar.
Carta
No decorrer da carta, a Arquidiocese de Curitiba chega a elogiar a luta antirracista de Freitas.
“A movimentação contra o racismo é legítima, fundamenta-se no Evangelho e sempre encontrará o respaldo da Igreja. Percebe-se na militância do Vereador o anseio por justiça em favor daqueles que historicamente sofrem discriminação em nosso país. A causa é nobre e merece respeito”, cita.
A entidade religiosa ainda confirma a versão do petista de que o ato teria ocorrido após a missa, mas destaca que ela foi “abreviada”.
“Todavia, não se pode negar que os fatos ocorridos apresentaram certos excessos, como o desrespeito pelo lugar sagrado”, conclui.
O documento agora será analisado e levado em conta na discussão, segundo o presidente do conselho, Dalton Borba (PDT).
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