Bolsonaro fica com a imagem de político agressivo

A imprensa internacional repercutiu na sexta-feira (22) e neste sábado (23) a divulgação do vídeo da reunião ministerial do dia 22 de abril. A reunião foi mencionada pelo ex-ministro da Justiça Sergio Moro como prova de que o presidente Jair Bolsonaro tentou interferir na Polícia Federal.
Na decisão do ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), autorizou a liberação tanto da íntegra do conteúdo do vídeo quanto da transcrição da reunião. Celso de Mello somente não permitiu a divulgação de "poucas passagens do vídeo e da respectiva degravação nas quais há referência a determinados Estados estrangeiros".
A reunião ministerial teve a participação do presidente Jair Bolsonaro, do vice, Hamilton Mourão, Moro e outros ministros. Ao todo, participaram 25 autoridades.
O jornal espanhol "El País" publicou em seu site trechos da reunião e destacou que houve ameaças e insultos no encontro ministerial. Segundo a publicação, as imagens mostram um presidente "alterado" e devem servir de "prova chave" para uma investigação do Supremo contra Jair Bolsonaro.
Além disso, o "País" diz chamar a atenção que, durante as mais de três horas de reunião, apenas se pronunciou sobre a crise do coronavírus, mas nada se discutiu sobre o assunto. O jornal lembra que na sexta, o Brasil se tornou o segundo país com mais confirmações de Covid-19 em todo o mundo, pese a falta de testes.
O britânico "The Guardian" republicou no sábado uma matéria da agência de notícias Associated Press que destacou a frustração do presidente brasileiro por não receber informações da polícia e a ameaça de que mudaria ministros para proteger sua família.
A publicação considerou que a liberação do vídeo representou "um novo golpe ao presidente de extrema-direita" e destacou que a popularidade de Bolsonaro tem caído após a renúncia do ex-ministro da Justiça, Sérgio Moro.