Polícia Federal deflagrou 4ª fase da Operação Carne Fraca

A Polícia Federal deflagrou na manhã desta terça-feira (1) a 4ª fase da Operação Carne Fraca, batizada de Operação Romanos. Nesta fase estão sendo investigados os 60 auditores fiscais do Ministério da Agricultura que recebiam propinas e empresas que intermediavam os pagamentos. As ações iniciaram a partir da colaboração espontânea da empresa do ramo alimentício BR Foods, investigada na 1ª fase da Operação Carne Fraca.
Cerca de 280 policiais federais cumpriram 68 mandados de busca e apreensão em nove estados: Paraná, São Paulo, Santa Catarina, Goiás, Mato Grosso, Pará, Rio Grande do Sul, Minas Gerais e Rio de Janeiro. As medidas cautelares foram expedidas pela 1ª Vara Federal de Ponta Grossa/PR.
“Após as primeiras denúncias, o grupo BR Foods passou por uma reestruturação interna; Eles identificaram algumas fragilidades e corrigiram. Houve mudanças na diretoria e no conselho da empresa. Eles entenderam que colaborar para a apuração dos fatos seriam uma forma de melhorar a sua imagem”, explica o delegado Maurício Moscardi Grillo, um dos responsáveis pela investigação.
O grupo indicou que 60 auditores teriam sido favorecidos com as vantagens indevidas. Há indicativos de que foram destinados R$ 19 milhões para os pagamentos, através de planos de saúde e também em espécie. Os pagamentos eram feitos por outras empresas, que posteriormente faziam contratos fictícios com a BR Foods para serem ressarcidas. O esquema teria durado até 2017, quando foi deflagrada a 1ª fase da operação.
“É importante destacar que não se trata de acordo de leniência. A colaboração foi dissociada de qualquer vantagem para a empresa, foi espontânea. Eu creio que trata-se de uma nova cultura, para demonstrar boa vontade com o mercado e as autoridades e distanciar a imagem da empresa das trapaças do passado”, afirma o delegado Luciano Flores Lima.
Segundo o delegado Grillo, os pagamentos eram feitos para que os fiscais simplesmente não atrapalhassem as operações da empresa ou ainda agilizassem prazos para determinados procedimentos. “A legislação brasileira é complexa e um fiscal sempre tem a chance de atrapalhar por um detalhe qualquer”, destaca.
Dos 60 fiscais denunciados, 39 estavam ainda na ativa, mas foram afastados por decisões judiciais. “Nesta fase não foram constatados riscos para a saúde pública em função da fiscalização. Esses fatos foram apurados na 3ª fase da operação. Agora a investigação é diretamente sobre o sistema de pagamentos de vantagens indevidas”, afirma o delegado Flores de Lima.
O nome da operação faz referência a diversas passagens bíblicas do Livro de Romanos, que tratam de confissão e justiça.