Cantora Beth Carvalho morre aos 72 anos
- jornale

- 30 de abr. de 2019
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Sambista estava internada desde o começo do ano

Antes de ganhar o epíteto de Madrinha do Samba, Beth Carvalho cantou jazz, bossa nova, toada, forró, canção de protesto, música de festival. Mas o chamado das rodas e dos terreiros, do som dos subúrbios e dos botequins, bateu-lhe mais forte nas veias.
A sambista morreu nesta terça-feira (30), aos 72 anos, no Rio de Janeiro. Desde o início do ano, estava internada no Hospital Pró-Cardíaco. A causa da morte não foi informada.
Em 1972 ela resolveu procurar Nelson Cavaquinho e cavar um samba inédito. Aos 26 anos, ainda com rostinho de menina, teve de vencer o medo que sentia daquele homem de pele azeitonada, cabelos prateados e olhos de peixe morto, que podia ser um grosso ao tratar com as pessoas, e estava sempre ou tocando violão ou levantando copos.
Ganhou “Folhas Secas”, gravada no LP “Canto por um Novo Dia” (1973), o primeiro inteiramente dedicado ao samba.
“Folhas Secas” – que também teve um registro de Elis Regina na mesma época e acabou criando uma rusga entre as duas cantoras – virou um clássico instantâneo na voz de Beth. Assim como o samba-canção “As Rosas Não Falam”, de Cartola, garimpado para o disco de 1976, “Mundo Melhor”. No ano seguinte repetiu a dose com o mesmo compositor, gravando a obra-prima “O Mundo é um Moinho”, última faixa de “Nos Botequins da Vida”, um de seus melhores trabalhos.
Àquela altura, Beth Carvalho era uma sambista batizada e crismada, queridíssima no meio, respeitada tanto na Mangueira (sua escola do coração) como na rival Portela, com olho clínico para descobrir pepitas desconhecidas do grande público. E com memória de HD para guardar zilhões de músicas na cabeça.
Em 1974, o estouro de “1800 Colinas”, de Gracia do Salgueiro, indicou o caminho: “Ó Deus, eu preciso encontrar meu amor/ Pra matar a saudade que quer me matar”. Quem hoje escuta essa gravação quase amadora em recursos técnicos, realizada na nanica Tapecar, tem a certeza de que Beth foi uma genuína sambista – sofisticada e ao mesmo tempo de enorme apelo popular.









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